Nádia
Araújo, 24 anos.
Profissão: Estudante de Publicidade
– UnB.
O que pretende: Trabalhar em uma multinacional na área de comunicação ou em embaixadas.
Países que conhece: Tailândia e Chile.
O que pretende: Trabalhar em uma multinacional na área de comunicação ou em embaixadas.
Países que conhece: Tailândia e Chile.
Tiger Temple, Kanchanaburi - Tailândia, 2009 |
Eu já
morei em Santiago, no Chile, por cinco
anos. Fui para lá quando tinha 8 anos, e saí com 13. Depois me mudei para a Tailândia
e vivi dos meus 14 aos 20 anos,
devido ao emprego da minha mãe. Ela trabalha no Itamaraty e foi removida para
trabalhar na Embaixada do Brasil em Bangkok.
Aqui
contarei da minha experiência na Tailândia. Apesar de ser um país bilíngue, na
época em que vivi lá, o inglês não era tão falado quanto é atualmente. A
capital está mais moderna, tem até sinalização em tailandês e inglês. Porém,
quando eu cheguei ao país, não sabia tailandês e falava muito pouco o inglês.
Então, passei quatro meses estudando com uma professora particular para
ingressar na Escola Americana. Mas na rua eu tive muita dificuldade para me
comunicar com os nativos, e só depois de uns quatro anos após a minha chegada,
percebi que o inglês começou a fazer sucesso, pois os tailandeses perceberam
que aquilo era realmente importante para eles e para os estrangeiros.
Em
relação ao preparo turístico, há uma boa infraestrutura na capital. Há muitos
hotéis, hostels, albergues. A Tailândia é um país desenvolvido,
principalmente nos grandes centros. Eu adorava morar lá, tem prédios muito
altos, modernos e o transporte público é ótimo. O único aspecto que me deixou
um pouco chocada foi a poluição, as ruas de Bangkok são
bastante estreitas, há um grande número de veículos e há muita gente, é uma
cidade entupida, tudo funciona 24 horas, é bem caótica.
Os
tailandeses, de modo geral, são receptivos, alegres “quase brasileiros”, só que
mais tímidos. Mas o pessoal do comércio é muito aberto e simpático. Eu morei um
apartamento que ficava em um bairro bastante seguro no centro da cidade. Vivi
com minha mãe, meu pai e meus irmãos. Terminei o Ensino Médio na Escola
Americana e cursei dois anos de Comunicação/ Publicidade na Universidade de lá.
Era uma Universidade Internacional, privada, então as aulas eram todas em
inglês e os professores também eram estrangeiros.
Quem
tiver planos de visitar o país, recomendo conhecer as praias, que são
belíssimas, é um paraíso na Terra. Entre elas: Kabri, Koh Phi Phi, Phuket,
Koh Samet, Koh Samiu, Koh Pagnan, Koh Tao. O litoral tailandês tem de tudo,
barraquinhas, vendedores, boates próximas e bares. É um ambiente bastante
turístico, tem até animais circulando, mas é realmente limpo. Tem alguns
lugares com ilhas que é um sonho visitar, para uma lua de mel, por
exemplo. Para comer, eu sugiro os restaurantes tailandeses que têm as
comidas mais exóticas.
Além
destas, há muitos pontos turísticos para visitar. Um dos que eu mais gostei
foram os templos que tem na capital e próximos da capital. Em Bangkok
tem o Grand Palace e o Wat Pho. Há
vários templos juntos no mesmo local. O estrangeiro precisa pagar uma quantia e
tailandês não paga nada. Além disso, não pode entrar com roupa curta, mostrando
as pernas. Mas se um turista chegar lá desprevenido e estiver de saia ou short,
os funcionários do templo cedem um saião emprestado para se cobrir, que se
parece com uma canga enorme.
Tem
também uma cidade próxima que se chama Ku chon buri. Lá há museus da
Segunda Guerra Mundial que possuem diversos objetos, quadros e fardas dos
soldados do exército daquela época. Tem também o Templo dos Leões e dos tigres,
é permitido tirar fotos com eles. Outra programação é ir ao zoológico para
conhecer os animais mais específicos da cidade, que são os elefantes e pássaros
também, apesar de que, como o clima de lá é tropical, bem como o do nosso país,
a maioria dos animais de lá são os mesmos dos zoológicos daqui. A maior parte
do tempo faz calor o ano inteiro, só nos primeiros meses que chove, e nevar lá
é bem raro.
Para
fazer compras, há lojas nas ruas e em shoppings. As roupas de lá são boas, tem
qualidade e são baratas, há muita variedade. Bangkok tem um ótimo
comércio. O atendimento ao público também é bom, os tailandeses, de modo geral,
são bem educados. Também há feiras de artesanato e mercados, um dos mais
conhecidos que vale a pena ir é o Chatuchak Weekend Market, que fica na
capital. Lá é possível encontrar produtos típicos da região, como móveis de madeira e objetos de bambu. Esse mercado é gigantesco,
tem artesanato, comida, acessórios, roupas e até animais para vender.
Os
tailandeses não têm muito essa cultura de sair para o bar à noite com os
amigos, como o brasileiro. Mas para quem procura diversão, o ideal é ir para
uma rua chamada Khaosan Road or Khao Sarn Road,
que é uma rua toda fechada, muito frequentada por turistas. O local é cercado
por bares, lojas e restaurantes. Além disso, somente pedestres podem ter
acesso.
O
mais inusitado do costume deles é o churrasquinho, porém o de lá é feito de
insetos, tem escorpião, barata, grilo. Para mim é muito nojento, nunca tive
vontade de provar, e se eu voltasse novamente, não provaria tampouco. As frutas
são as mesmas do Brasil, mas uma que é típica de lá é o Durian, que se
parece com a jaca que temos. O Durian tem um cheiro muito forte e é
proibido carregar esta fruta em lugares públicos, no metrô tem até placas de
sinalização indicando a figura do alimento e o sinal de proibido. Meu pai
tentou trazer a semente do Durian para o Brasil e não nasceu, só tem
naquela região mesmo. Outros pratos da região são o Khao Pad Gai,
que é um mexido de arroz com frango (no inglês, Fried Rice Chicken),
muito desejado pelos estrangeiros. Há sabores de carne, ovo, camarão, entre
outros. E tem as sopas dos tailandeses, que é o Bami noodles com carne de
pato, é uma delícia. Os nativos comem muita carne de pato e porco.
Um
outro aspecto da cultura que me chamou atenção foi a tranquilidade dos
tailandeses. Eles são muito lentos, devagar, não se estressam com nada. Devido
ao país ter a maior parte da população budista, eles tendem a seguir algumas
regras, que é respeitar o próximo, não roubar e tratar os outros bem. Por isso
é um local seguro. Um costume brasileiro que não se deve fazer lá é em relação
ao nosso cumprimento. Lá não é adequado abraçar nem beijar o rosto das pessoas,
não importa a idade, nem de bebês. Também é proibido passar a mão na cabeça dos
outros porque, segundo eles, é a parte mais importante do corpo, onde está a
alma. Não é necessariamente uma lei, mas é algo da cultura religiosa.
O
país é cercado por estrangeiros, há muitos estudantes de intercâmbio,
principalmente holandeses, porque há um incentivo para estudar na Universidade
Internacional, já que as aulas são ministradas em inglês. Fiz muitas amizades
lá e mantenho contato até hoje pelo Skype e Facebook. Entretanto, a
maior contribuição para o meu desenvolvimento foi dos professores da
universidade e escola, pois eles me ajudaram muito. Cheguei mal falando inglês
e fui muito bem acolhida e incentivada por eles.
Teve
uma época em que eu estava bem revoltada e tive muita vontade de voltar para o
Brasil. Mas minha família estava morando na Tailândia, era onde eu deveria
estar, ainda por ser menor de idade, não tinha como voltar e desistir, o jeito
foi me adaptar. Após um tempo, percebi que esta experiência foi única e obtive
um aprendizado muito grande para a minha vida. Eu tive muitas oportunidades de
conhecer várias línguas, pessoas de vários lugares e viajar para outros países
da Ásia. Então, eu acredito que foi uma vivência muito linda!
Hoje
eu tenho uma mente mais aberta, consigo enxergar as coisas de várias formas,
mais ampla. Eu acredito que ter uma vivência internacional ajuda a se
fortalecer, pois você passa por muitos momentos difíceis, os supera e cresce
como pessoa.,Penso que se eu não tivesse tido esta experiência, não seria quem
eu sou hoje. Pretendo e quero viajar por outros países, pois valorizo muito
conhecer e respeitar outras culturas. As lições que aprendi na Tailândia foi
respeitar a cultura do próximo e ter mais paciência.
Gostaria
de trazer de lá o modelo de respeito, a sabedoria e tranquilidade dos
tailandeses para o Brasil, assim saberíamos lidar melhor com as situações e
problemas. O brasileiro é muito agitado, ansioso e valorizei muito a constante
paz deles. Em relação aos outros aspectos, gostaria que o Brasil melhorasse a
segurança e adotasse transportes mais eficientes. Lá o transporte é barato e
capaz de atender toda a população. Porém, algo que valorizo da nossa cultura é
nossa sintonia com a família, ter os almoços, jantares em família,
comemorações, ver aos jogos com os amigos, estamos sempre juntos. Isso é algo
raro de ver no exterior.