Márcia Cristofio, 22 anos.
Profissão: Mestranda em Geografia na área de Planejamento Regional.
O que pretende: Trabalhar com pesquisa acadêmica.
Países que conhece: Argentina, Peru e Uruguai.
Países que conhece: Argentina, Peru e Uruguai.
Acredito que ter a oportunidade de conhecer outras culturas em outros
países é a melhor experiência sempre. Relatarei sobre minhas viagens pela
América do Sul a turismo. Mesmo tendo ido a Lima, no Peru, para participar do Encontro
de Geógrafos da América Latina (EGAL), ainda sim considero uma viagem a
turismo. Conheci Buenos Aires – Argentina, Montevidéu e
Colônia do Sacramento – Uruguai, Lima, Huacachina e Huaráz -
Peru. Com isso percebi que o espanhol de cada localidade não é tão fácil
quanto parece, pois varia, assim como o nosso português, dependendo da região
em que é falado.
Eu não tenho o
costume de viajar com roteiros engessados. Dessa forma, de maneira geral,
recomendaria fazer passeios a pé apenas com a ajuda de um mapa. Conhecer o dia
a dia daquela localidade, às vezes vale mais que um roteiro turístico montado
exatamente para turistas. Claro que para chegar a alguns lugares específicos é
preciso ir junto com um guia, o que na maioria das vezes vale a pena. Mas é
preciso tomar cuidado para não gastar mais tempo no deslocamento do que no
local em si.
O primeiro país que
visitei foi o Uruguai. Fiquei cinco dias na capital Montevidéu e dois em
Colônia do Sacramento. A viagem em si não foi esquematizada, apenas a
hospedagem e os dias estavam definidos, o que faríamos lá dependeria da vontade
e das oportunidades. Estar em um país diferente, ainda mais o Uruguai, que é
extremamente nacionalista, passa uma sensação ao mesmo tempo constrangedora e
empolgante. Acredito que é o mesmo sentimento de ir visitar um parente do
interior que mora em uma cidade pequena, todos sabem que você não é de lá e te
observam como um “estranho no ninho”.
Porém, depois dessa primeira impressão que durou nada mais que alguns minutos,
a adaptação foi fácil.
A cultura do Peru possui muitos aspectos
pré-colombianos em seu dia a dia, todos os lugares a que você vai tem
resquícios dos Incas, Chavins (cultura da época pré-incaica) e outras culturas pré-colombianas. Dependendo da
região, os trajes das pessoas ainda são bem tradicionais, ainda mais pelo frio.
Já no Peru, recomendo fugir dos roteiros de sempre e ir a Huacachina em Ica,
conhecida como o oásis das Américas. Lá só chove uma vez por ano por poucos
minutos. Outro passeio que recomendo é andar de bug e fazer sandboard
nas dunas. Em Paracas, o mais legal é conhecer as Islas Ballestas.
E em Huaráz, vale a pena subir 5.200 metros de altitude acima do nível
do mar nos Andes.
Um local que também gostei bastante e
sugiro conhecer é o distrito Miraflores em Lima. Lá há uma rua
fechada para carros chamada Calle de las Pizzas, onde há diversos bares
e restaurantes, um lugar bastante agradável. Também achei incrível o fato de Miraflores
ser um distrito com infraestrutura totalmente voltada para o idoso, com
calçadas mais baixas e rampas de acesso. Este é um local muito rico em Lima.
Visitei um shopping na beira do Pacífico, o qual é bastante frequentado tanto
por turistas quanto pelos nativos.
Em Lima, um aspecto notável é o trânsito
caótico e o uso das buzinas. Em compensação, o sistema de transporte público de
lá é bom, parecido com o projeto que se pretendia implantar em Brasília, que é
o transporte rápido sobre rodas. É um corredor de ônibus que atravessa a cidade
inteira, então é algo essencial e funciona bem. Outra questão que percebi é
a recente inserção da cultura norte-americana lá. Embora ainda seja barrada
pelos mais tradicionalistas, é possível notar muitas marcas de roupas e fast
food advindas dos Estados Unidos.
As compras durante as viagens vieram
junto com as andanças. Eu e meus amigos não procuramos lugares específicos,
geralmente passávamos por algumas lojas e, se os preços valessem a pena ou se
os produtos fossem diferentes do que geralmente encontramos no Brasil,
comprávamos. Já as comidas típicas variam conforme o país. Porém, a culinária
que mais me chamou a atenção foi a do Peru, por ser extremamente rica.
Recomendo provar o Cebiche, que é um prato feito de peixe cru marinado
em suco de limão, lima ou outro cítrico. O pescado pode variar entre eles, o
camarão, lagosta ou mesmo polvo.
A maior dificuldade
que eu tive foi em relação ao aeroporto. Resolvi mudar o horário do meu voo da
volta para o Brasil, mas tive alguns transtornos por não ter imprimido a
passagem nova. É importante dizer que o aeroporto de Lima é extremamente
bagunçado. Para entrar lá, é necessário mostrar o passaporte, e isso já leva um
tempo. Além disso, dentro do aeroporto não tem sinalização de nada, nem das
companhias aéreas. Eu perdi tempo procurando o guichê da companhia que iria
viajar, e quando finalmente o encontrei, o horário de embarque já havia sido
encerrado há 10 minutos, e esse foi o tempo que gastei procurando chegar ao
local indicado dentro do aeroporto. Por fim, expliquei a situação e consegui
embarcar, mas na realidade viajei em outro voo, o destino era o mesmo, mas
acabou que foi por outra companhia, e como eu não tinha imprimido o novo
bilhete, acabei viajando sem mostrá-lo. Enfim, só percebi o engano quando havia
chegado ao destino.
Devido a esses
problemas pessoais, uma dica para quem vai viajar para Lima é que se
planeje para chegar ao aeroporto de lá com bastante antecedência, já que é
desorganizado e leva um tempo até achar o local da companhia aérea. Outra coisa
a levar em consideração é que o trânsito de Lima é terrível, pior que o
de São Paulo. Então, para chegar ao aeroporto, é necessário sair com pelo menos
3 horas de antecedência, ainda mais se for em horário comercial. Recomendo
também ter todas as passagens impressas e o passaporte em mãos ao chegar ao
aeroporto.
Em relação à troca
de câmbio, a capital oferece várias opções, há uma rua com diversas casas de
câmbio e tem os próprios cambistas na rua, se eles tiverem um crachá de
certificação, você pode confiar. Caso a pessoa não queira trocar com eles, há a
opção de trocar no banco mesmo. Uma recomendação que indico é andar antes de
trocar com a primeira pessoa, porque pode ter uma pessoa cobrando uma cotação
de um valor, e mais adiante outra com outro valor, então você pode comparar
para avaliar qual é mais vantajoso, pois não é padronizado. Tem pessoas que
pechincham, enfim, é negociável. Além disso, vale mais a pena trocar o câmbio
lá do que aqui no Brasil. Também sugiro levar o cartão Visa Travell Money
na viagem. Na América do Sul a bandeira mais utilizada é Visa mesmo, já
na Europa, a bandeira mais utilizada é a Mastercard.
Para se hospedar,
sugiro ficar em albergues por serem mais em conta e, na minha opinião, foi uma experiência fenomenal. No caso, em todos que me hospedei, optei por
ficar em quarto individual porque como viajei com muita bagagem, me senti
insegura para colocar as minhas coisas jogadas no quarto com alguém
desconhecido. Em relação ao conforto é normal, de viajantes mesmo: a cama é
gostosa para você descansar e acabou, você vai embora para passear. Na
Argentina, eu fiquei no albergue que eu mais gostei na minha vida até hoje, que
é o Milhouse, ele fica na Avenida do Obelisco. Há um bar lá dentro e
toda noite, a partir das 20 horas, tem um happy hour em que há dose
dupla de bebidas, porque em Buenos Aires a vida noturna começa a partir
das 2 horas da manhã. Então, você pode beber no albergue até o horário de sair,
é claro que isso é pago à parte. Há também vans que levam para as festas. Lá
foi onde eu mais fui para festas na minha vida.
Em Buenos Aires,
conheci dois brasileiros de Belo Horizonte e nós formamos um laço de
amizade bem forte, eles são super legais e eu tenho contato até hoje. Em Lima
tive bastante contato com os moradores, às vezes eu chegava, sentava e
conversava sobre a cidade, o que tinha para fazer. Os habitantes locais são
super educados. A impressão que tive é que Lima é muito mais voltada
para o turismo do que Buenos Aires. A Argentina foi o país onde eu menos
fui bem acolhida. Todos dizem que brasileiro tem preconceito com os argentinos,
mas eu senti o contrário lá.
O aprendizado que eu tive nesta viagem
foi mais comigo mesma, em relação a como administrar o dinheiro para poder
pagar os passeios turísticos, a alimentação, a hospedagem e as compras. Viajar
significa estar disposto a entender e respeitar a cultura das pessoas que vivem
naquele lugar, você é um mero visitante, não deve intervir nem querer mudar as
coisas. Então, sempre que viajo para fora, vou com o coração aberto para
entender o que ocorre com as outras pessoas e culturas. Acredito que esta
experiência permite a percepção de como o mundinho que vivemos é pequeno em
comparação ao resto do mundo, ao observar como outras culturas vivem e o que
elas fazem.
O meu plano é conhecer o máximo de
lugares possíveis em menos tempo. A minha próxima viagem será pela Europa com
meu namorado e a família dele. Iremos para Barcelona e Paris a
turismo. Como passaremos quatro dias em Paris, eu estou querendo pegar um trem
bala para ir a Londres. Então, eu já estou assim: “estou lá, mas já quero estar
em outros lugares”. É sempre assim, correria. Em viagem, dormir é perda de
tempo.
Por fim, vejo que o Brasil não perde em
nada para os outros países da América do Sul. Eu também sou muito nacionalista.
O Brasil ainda está em um caminho bom. O que é legal no brasileiro é que ele está sempre
de bom humor e recebe bem as pessoas e turistas, em qualquer lugar, sem contar
que cada vez mais os brasileiros estão viajando para fora e estão ficando cada
vez mais educados. É bem fácil reconhecer outros brasileiros no exterior, vai
ter sempre uma havaiana ou várias compras. Entretanto,
o que é mais urgente para mudança no nosso país é o transporte público. Além
disso, é necessário melhor preparo turístico principalmente em relação a
hospedagem, com opções mais em conta. Às vezes é mais barato viajar para
Argentina, compensa mais que uma passagem normal para o Nordeste.
Albergue em Colônia do Sacramento - Uruguai, 2010 |
Miraflores - Peru, 2013 |
Veja mais fotos em: http://www.flickr.com/photos/108188765@N06/sets/72157637486940675/
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