terça-feira, 5 de novembro de 2013

Viajando pela América do Sul: Argentina, Peru e Uruguai

Márcia Cristofio, 22 anos.
Profissão: Mestranda em Geografia na área de Planejamento Regional. 
O que pretende: Trabalhar com pesquisa acadêmica.
Países que conhece: Argentina, Peru e Uruguai.
Parque Nacional de Huascarán - Peru, 2013

        Acredito que ter a oportunidade de conhecer outras culturas em outros países é a melhor experiência sempre. Relatarei sobre minhas viagens pela América do Sul a turismo. Mesmo tendo ido a Lima, no Peru, para participar do Encontro de Geógrafos da América Latina (EGAL), ainda sim considero uma viagem a turismo. Conheci Buenos Aires – Argentina, Montevidéu e Colônia do Sacramento – Uruguai, Lima, Huacachina e Huaráz - Peru. Com isso percebi que o espanhol de cada localidade não é tão fácil quanto parece, pois varia, assim como o nosso português, dependendo da região em que é falado. 

Eu não tenho o costume de viajar com roteiros engessados. Dessa forma, de maneira geral, recomendaria fazer passeios a pé apenas com a ajuda de um mapa. Conhecer o dia a dia daquela localidade, às vezes vale mais que um roteiro turístico montado exatamente para turistas. Claro que para chegar a alguns lugares específicos é preciso ir junto com um guia, o que na maioria das vezes vale a pena. Mas é preciso tomar cuidado para não gastar mais tempo no deslocamento do que no local em si.

O primeiro país que visitei foi o Uruguai. Fiquei cinco dias na capital Montevidéu e dois em Colônia do Sacramento. A viagem em si não foi esquematizada, apenas a hospedagem e os dias estavam definidos, o que faríamos lá dependeria da vontade e das oportunidades. Estar em um país diferente, ainda mais o Uruguai, que é extremamente nacionalista, passa uma sensação ao mesmo tempo constrangedora e empolgante. Acredito que é o mesmo sentimento de ir visitar um parente do interior que mora em uma cidade pequena, todos sabem que você não é de lá e te observam como um “estranho no ninho”. Porém, depois dessa primeira impressão que durou nada mais que alguns minutos, a adaptação foi fácil. 

            A cultura do Peru possui muitos aspectos pré-colombianos em seu dia a dia, todos os lugares a que você vai tem resquícios dos Incas, Chavins (cultura da época pré-incaica) e outras culturas pré-colombianas. Dependendo da região, os trajes das pessoas ainda são bem tradicionais, ainda mais pelo frio. Já no Peru, recomendo fugir dos roteiros de sempre e ir a Huacachina em Ica, conhecida como o oásis das Américas. Lá só chove uma vez por ano por poucos minutos. Outro passeio que recomendo é andar de bug e fazer sandboard nas dunas. Em Paracas, o mais legal é conhecer as Islas Ballestas. E em Huaráz, vale a pena subir 5.200 metros de altitude acima do nível do mar nos Andes.

            Um local que também gostei bastante e sugiro conhecer é o distrito Miraflores em Lima. Lá há uma rua fechada para carros chamada Calle de las Pizzas, onde há diversos bares e restaurantes, um lugar bastante agradável. Também achei incrível o fato de Miraflores ser um distrito com infraestrutura totalmente voltada para o idoso, com calçadas mais baixas e rampas de acesso. Este é um local muito rico em Lima. Visitei um shopping na beira do Pacífico, o qual é bastante frequentado tanto por turistas quanto pelos nativos.
           
      Em Lima, um aspecto notável é o trânsito caótico e o uso das buzinas. Em compensação, o sistema de transporte público de lá é bom, parecido com o projeto que se pretendia implantar em Brasília, que é o transporte rápido sobre rodas. É um corredor de ônibus que atravessa a cidade inteira, então é algo essencial e funciona bem. Outra questão que percebi é a recente inserção da cultura norte-americana lá. Embora ainda seja barrada pelos mais tradicionalistas, é possível notar muitas marcas de roupas e fast food advindas dos Estados Unidos.

            As compras durante as viagens vieram junto com as andanças. Eu e meus amigos não procuramos lugares específicos, geralmente passávamos por algumas lojas e, se os preços valessem a pena ou se os produtos fossem diferentes do que geralmente encontramos no Brasil, comprávamos. Já as comidas típicas variam conforme o país. Porém, a culinária que mais me chamou a atenção foi a do Peru, por ser extremamente rica. Recomendo provar o Cebiche, que é um prato feito de peixe cru marinado em suco de limão, lima ou outro cítrico. O pescado pode variar entre eles, o camarão, lagosta ou mesmo polvo.

A maior dificuldade que eu tive foi em relação ao aeroporto. Resolvi mudar o horário do meu voo da volta para o Brasil, mas tive alguns transtornos por não ter imprimido a passagem nova. É importante dizer que o aeroporto de Lima é extremamente bagunçado. Para entrar lá, é necessário mostrar o passaporte, e isso já leva um tempo. Além disso, dentro do aeroporto não tem sinalização de nada, nem das companhias aéreas. Eu perdi tempo procurando o guichê da companhia que iria viajar, e quando finalmente o encontrei, o horário de embarque já havia sido encerrado há 10 minutos, e esse foi o tempo que gastei procurando chegar ao local indicado dentro do aeroporto. Por fim, expliquei a situação e consegui embarcar, mas na realidade viajei em outro voo, o destino era o mesmo, mas acabou que foi por outra companhia, e como eu não tinha imprimido o novo bilhete, acabei viajando sem mostrá-lo. Enfim, só percebi o engano quando havia chegado ao destino.

Devido a esses problemas pessoais, uma dica para quem vai viajar para Lima é que se planeje para chegar ao aeroporto de lá com bastante antecedência, já que é desorganizado e leva um tempo até achar o local da companhia aérea. Outra coisa a levar em consideração é que o trânsito de Lima é terrível, pior que o de São Paulo. Então, para chegar ao aeroporto, é necessário sair com pelo menos 3 horas de antecedência, ainda mais se for em horário comercial. Recomendo também ter todas as passagens impressas e o passaporte em mãos ao chegar ao aeroporto. 

Em relação à troca de câmbio, a capital oferece várias opções, há uma rua com diversas casas de câmbio e tem os próprios cambistas na rua, se eles tiverem um crachá de certificação, você pode confiar. Caso a pessoa não queira trocar com eles, há a opção de trocar no banco mesmo. Uma recomendação que indico é andar antes de trocar com a primeira pessoa, porque pode ter uma pessoa cobrando uma cotação de um valor, e mais adiante outra com outro valor, então você pode comparar para avaliar qual é mais vantajoso, pois não é padronizado. Tem pessoas que pechincham, enfim, é negociável. Além disso, vale mais a pena trocar o câmbio lá do que aqui no Brasil. Também sugiro levar o cartão Visa Travell Money na viagem. Na América do Sul a bandeira mais utilizada é Visa mesmo, já na Europa, a bandeira mais utilizada é a Mastercard

Para se hospedar, sugiro ficar em albergues por serem mais em conta e, na minha opinião, foi uma experiência fenomenal. No caso, em todos que me hospedei, optei por ficar em quarto individual porque como viajei com muita bagagem, me senti insegura para colocar as minhas coisas jogadas no quarto com alguém desconhecido. Em relação ao conforto é normal, de viajantes mesmo: a cama é gostosa para você descansar e acabou, você vai embora para passear. Na Argentina, eu fiquei no albergue que eu mais gostei na minha vida até hoje, que é o Milhouse, ele fica na Avenida do Obelisco. Há um bar lá dentro e toda noite, a partir das 20 horas, tem um happy hour em que há dose dupla de bebidas, porque em Buenos Aires a vida noturna começa a partir das 2 horas da manhã. Então, você pode beber no albergue até o horário de sair, é claro que isso é pago à parte. Há também vans que levam para as festas. Lá foi onde eu mais fui para festas na minha vida.

Em Buenos Aires, conheci dois brasileiros de Belo Horizonte e nós formamos um laço de amizade bem forte, eles são super legais e eu tenho contato até hoje. Em Lima tive bastante contato com os moradores, às vezes eu chegava, sentava e conversava sobre a cidade, o que tinha para fazer. Os habitantes locais são super educados. A impressão que tive é que Lima é muito mais voltada para o turismo do que Buenos Aires. A Argentina foi o país onde eu menos fui bem acolhida. Todos dizem que brasileiro tem preconceito com os argentinos, mas eu senti o contrário lá.

            O aprendizado que eu tive nesta viagem foi mais comigo mesma, em relação a como administrar o dinheiro para poder pagar os passeios turísticos, a alimentação, a hospedagem e as compras. Viajar significa estar disposto a entender e respeitar a cultura das pessoas que vivem naquele lugar, você é um mero visitante, não deve intervir nem querer mudar as coisas. Então, sempre que viajo para fora, vou com o coração aberto para entender o que ocorre com as outras pessoas e culturas. Acredito que esta experiência permite a percepção de como o mundinho que vivemos é pequeno em comparação ao resto do mundo, ao observar como outras culturas vivem e o que elas fazem.

             O meu plano é conhecer o máximo de lugares possíveis em menos tempo. A minha próxima viagem será pela Europa com meu namorado e a família dele. Iremos para Barcelona e Paris a turismo. Como passaremos quatro dias em Paris, eu estou querendo pegar um trem bala para ir a Londres. Então, eu já estou assim: “estou lá, mas já quero estar em outros lugares”. É sempre assim, correria. Em viagem, dormir é perda de tempo.
  
            Por fim, vejo que o Brasil não perde em nada para os outros países da América do Sul. Eu também sou muito nacionalista. O Brasil ainda está em um caminho bom. O que é legal no brasileiro é que ele está sempre de bom humor e recebe bem as pessoas e turistas, em qualquer lugar, sem contar que cada vez mais os brasileiros estão viajando para fora e estão ficando cada vez mais educados. É bem fácil reconhecer outros brasileiros no exterior, vai ter sempre uma havaiana ou várias compras. Entretanto, o que é mais urgente para mudança no nosso país é o transporte público. Além disso, é necessário melhor preparo turístico principalmente em relação a hospedagem, com opções mais em conta. Às vezes é mais barato viajar para Argentina, compensa mais que uma passagem normal para o Nordeste.


Albergue em Colônia do Sacramento - Uruguai, 2010
Miraflores - Peru, 2013






Veja mais fotos em: http://www.flickr.com/photos/108188765@N06/sets/72157637486940675/

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