Leandro Guedes, 23 anos.
Profissão: Estudante de Ciência da Computação.
O que pretende: Fazer mestrado ou trabalhar na área.
Países que conhece: Alemanha, Argentina, Bélgica Espanha, França, Holanda, Itália (Vaticano), Marrocos, Paraguai, Portugal, República Tcheca e Uruguai.
Profissão: Estudante de Ciência da Computação.
O que pretende: Fazer mestrado ou trabalhar na área.
Países que conhece: Alemanha, Argentina, Bélgica Espanha, França, Holanda, Itália (Vaticano), Marrocos, Paraguai, Portugal, República Tcheca e Uruguai.
Participei de um programa de intercâmbio para dar continuidade aos meus estudos de graduação em um país da Europa, assim optei por estudar na Universidade de Porto em Portugal. O programa durou no total seis meses e a experiência de ter morado em outro país, durante este tempo, foi sensacional, a melhor coisa que aconteceu na minha vida. No começo eu não tinha muita expectativa, mas chegando lá eu me encantei com o país, com as pessoas e com os lugares. Tudo era novo naquele ambiente para mim. Tive a oportunidade de sair da zona de conforto e consequentemente amadureci como ser humano, em uma experiência única.
Conviver com
diferentes culturas em um outro país, foi uma experiência desafiadora, mas em
momento algum pensei em desistir. Eu cheguei lá, era o que eu queria. Na
realidade eu não queria era voltar, porque aquilo estava sendo tão bom que eu
não queria que acabasse. Nas horas livres, eu ia para o parque, praia e achava
tudo incrível, queria aproveitar ao máximo. Eu viajei bastante também, então
tudo que pude aproveitar eu aproveitei. Os lugares que eu recomendo visitar são
vários, pois eu tive e pude conhecer muitos países na Europa. Todas as cidades são belíssimas: Bruxelas (Bélgica), Amsterdã (Holanda), Madrid e Barcelona
(Espanha), além de Porto (Portugal), onde morei. Lá é uma
cidade incrível, onde tive muito prazer em morar. É um lugar que eu passaria a
vida toda e as férias também.
Para compras, na
Europa tem de tudo. Todos os produtos são de bastante qualidade, como roupas,
sapatos, acessórios, entre outros. Então, não se encontra coisas mal feitas, ou
camelôs/ vendedores ambulantes como aqui no Brasil. Há diversas opções, desde a
lojinha da esquina, como shoppings e lojas de grandes marcas mais elitizadas.
Em relação aos passeios em Porto, há a Ponte da Arrábida,
que separa o Rio Douro da Cidade do Porto e liga a Vila
Nova de Gaia. Esta ponte é o melhor lugar turístico, onde todos vão para
tirar fotos. É um lugar realmente lindo, com vários bares e comércio ao redor,
ideal para ir comer francesinha, que é a comida típico de Porto. Este prato é como um
hambúrguer: contém um bife de carne, queijo, presunto, pão e um molho especial,
que é bem apimentado. É muito gostoso, mas é bem calórico e viciante também,
além de caro, comparado ao preço de um hambúrguer normal.
A vida noturna que
vivenciei foi bastante agitada. Como fui em um programa de intercâmbio
estudantil, eu e meus amigos tínhamos o cartão Erasmus, com este
nós podíamos ir a todas as festas com desconto ou íamos para a “Festa
do Dia”, na qual a entrada era de graça e ainda ganhávamos uma dose de
bebida (Shot). Então, saía a um preço muito baixo, mais do que em qualquer
lugar no Brasil. Além disso, as festas eram muito boas, cheias de estudantes
intercambistas. Em Porto, há um local só para festas brasileiras, além de
diversos bares e boates. As bebidas são muito baratas, como chope, copo de
cerveja, vinho do Porto, entre outras.
Notei que, apesar
de falar o mesmo idioma, que é o português, há uma diferença gigantesca entre o
modo como falamos no Brasil e como é falado em Portugal. Além disso, constatei
que no Brasil não conhecemos praticamente nada sobre os portugueses e eles pelo
contrário, conhecem bastante sobre a nossa cultura, devido a influência da
mídia, as TVs oferecem na programação novelas brasileiras e nas rádios também
passam músicas do Brasil. Então, a presença do nosso país em Portugal é muito grande,
ao passo que a presença portuguesa no Brasil é muito pequena. Foi muito
interessante perceber o quanto eles conhecem a respeito do Brasil, eu fiquei
orgulhoso pelos portugueses saberem aspectos culturais brasileiros com tanta
naturalidade e facilidade, porém a recíproca não é verdadeira em relação ao
conhecimento precário que temos sobre eles. Um fato que admirei lá também foi
relacionado à educação da população, porque a maioria das pessoas são solícitas
e ajudam bastante, então você não passa aperto na rua ao pedir informação,
porque alguém sempre está disposto a auxiliar. Achei isso bem legal.
Os pontos negativos
foram muito pequenos em comparação com os bons momentos que tive. O único fato
que realmente me incomodou foi a burocracia portuguesa. Então, para tirar o
cartão de morador, eu tive que ir várias vezes ao Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras - SEF, enfrentar fila, entregar a
documentação e às vezes precisava voltar ao local porque havia faltado alguma
coisa. Este transtorno foi bem chato, nada que não aconteça no Brasil também,
mas, tratando-se de um país desenvolvido, eu esperava que as coisas
funcionassem mais rapidamente em Portugal.
Outro aspecto
emblemático que percebi, é que os portugueses são por um lado, bastante receptivos
e ao mesmo tempo alguns são mais ignorantes em alguns aspectos, como por
exemplo, tratar a mulher brasileira de maneira estereotipada, relacionando-a
com a prostituição, algumas ignorâncias desse tipo normalmente são mais comuns
para pessoas mais idosas. Entretanto, os jovens são mais bem informados, a
maioria é composta por estudantes, intelectuais, em geral eles são mais cultos
e gentis. Além disso, praticamente todos falam inglês, o que não ocorre na
Espanha, por exemplo, que é um país ao lado.
Em contrapartida,
me emocionei com vários fatores, como o dia a dia no país, a vista que eu tinha
quando saía para caminhar, correr pela cidade à beira do mar ou à beira do rio,
tudo isso para mim foi incrível. Eu estava em um lugar novo e ao mesmo tempo
era como se aquele lugar fosse a minha casa, um lugar que eu sempre quis estar.
Além disso, fui muito bem acolhido pela população local. No meu primeiro dia de
aula, eu estava perdido e meus colegas me ajudaram a encontrar a classe, me
explicaram sobre as aulas, os professores, como eu deveria proceder, como era o
esquema de presenças lá, enfim, não sabia de nada. Depois eu fui me acostumando
ao ritmo. Eu conheci colegas sensacionais lá.
Entre as
recomendações que sugiro para quem deseja viajar pela Europa, a primeira de
todas é: procurar na internet o máximo de informações a respeito do local; é
importante pesquisar também onde você vai morar ou se hospedar, uma dica
é seguir grupos no Facebook que ofereçam estas informações. Além disso,
recomendo conhecer as histórias e referências de pessoas que já foram ao local
ao qual você deseja ir, há muitos blogs, vídeos, enfim, isso é de suma
importância. Estes relatos não se encontram em livros, não estará no próprio
site do país, ou seja, estas dicas específicas você só encontrará em vias
alternativas, nas publicações de pessoas que já foram e saberão como é esta
experiência. Por fim, sugiro verificar quais regiões são ideais para ir ou
ficar, e as que não são; além de informações como trânsito, sistema de
transporte, cartão do metrô, todas essas coisas.
Por outro lado, aprecio o
fato de o brasileiro ser um povo muito alegre, que querendo ou não, enfrenta
muitos obstáculos, mas que continuam lutando, batalhando a cada dia. Há muitos
trabalhadores que precisam sustentar uma família inteira em condições de
trabalho muitas vezes exploratórias. Sinto orgulho da batalha do nosso povo, de
“dar o duro” e levarem o Brasil para frente. O que me deixa muito triste é a
corrupção. Nós pagamos impostos altíssimos e não recebemos nada em troca. O
Brasil tem grandes potenciais, há lugares belíssimos. Nós não precisamos ficar
cegos e achar que só o que tem lá fora é bom. Temos músicas de qualidade,
belezas naturais, um clima agradável, cidades maravilhosas, praias em Santa
Catarina, Nordeste, a Serra Gaúcha, o Rio de Janeiro. Enfim, são lugares que
estão aqui, perto da gente. É só a sabermos aproveitar!
O lugar em que
fiquei hospedado, foi no alojamento da Universidade e era preciso pagar uma
taxa de 130 € (a propina que eles chamam), era um quarto duplo, ou seja, com
duas camas no quarto, um banheiro, e um closet, tinha frigobar e mesas de
estudo. Foi tranquilo conviver com o meu colega de quarto. A maior parte do
tempo eu passava fora e quando eu retornava a residência estudantil, havia
vários estrangeiros que frequentavam ou residiam lá. Esta experiência foi muito
boa. Eu me comuniquei lá mais em inglês do que em português. O intercâmbio me
proporcionou fazer amizade com pessoas do mundo inteiro: Grécia, Espanha,
Itália, Lituânia, Bélgica, entre outros países. Mantenho contato com eles
através do Facebook e trocamos informações, eu gosto muito deste contato
multicultural. O que eu mais aprecio hoje em dia é saber que o mundo não tem
barreiras e que tudo é possível.
Meus amigos
contribuíram demais para minha evolução. Dentre todas as pessoas que tive
contato, à medida que os estrangeiros estavam lá, eu falava em inglês e
aperfeiçoava o idioma, com os portugueses eu estava melhorando o sotaque
diferente no dialeto e estava aprendendo muito sobre cursos e maneiras
diferentes de se aprender computação mundo afora. Eu gosto muito de conviver
com outras culturas. Desde que eu voltei ao Brasil, participei da AIESEC que
é o maior grupo de jovens universitários do mundo. Então, eu pretendo continuar
nessa linha multicultural, conhecer pessoas de diversos países, aprender novas
línguas, acho isso o máximo. Esta minha característica foi totalmente aguçada
pelo intercâmbio e me fez prosseguir com estas escolhas que até então estavam
só no papel.
A experiência valeu
muito a pena, mudou muito o modo como eu encaro as coisas, porque eu acho que
depois de tudo que aconteceu, eu não voltei o mesmo. Ninguém volta o mesmo
depois de um intercâmbio, seja no aspecto micro ou macro. Esta experiência foi
enriquecedora pelos aprendizados que tive, como me virar sozinho, conhecer
novas pessoas e fazer de um lugar diferente minha nova casa, foi incrível,
todos deveriam passar por isso. Eu acredito que realmente a palavra intercâmbio
é uma troca. Então esta troca de vivência, esta troca de aprendizado é o que
mais vale para toda a vida.
No momento, eu não
tenho planos concretos de fazer novas viagens, mas eu tenho muito interesse,
essa virou minha meta de vida agora, que é conhecer todo o mundo, o máximo de
lugares e pessoas interessantes que eu puder, porque acredito que a vida não se
limita só ao lugar que você nasce e cresce, o mundo é muito maior do que a
gente pensa. Ainda pretendo conhecer os Estados Unidos, voltar para Europa ou
Austrália, ou apenas visitar um local novo.
O Brasil pode
melhorar em muitos aspectos, desde, por exemplo, em uma parada de ônibus, eu
chego ali e quero saber para onde eu vou, mas não tenho nenhuma informação
acessível. Se eu quiser entrar na internet, tampouco há acesso. Então, a única
alternativa que resta é perguntar para as pessoas que estão passando pela rua,
caso contrário, é impossível locomover-se. Na Europa, há informações de maneira
acessível a todos. Na parada de ônibus já tem tudo escrito, juntamente com o
mapa que mostra o trajeto que o transporte faz e quanto tempo falta para que
ele chegue ao ponto de ônibus. Estes simples fatos são de grande valia, capazes
de possibilitar que tanto o turista como o nativo não se percam. Vejo que ainda
falta muito para o Brasil evoluir neste quesito. Outra questão que devemos nos
preocupar é com a manutenção das cidades, onde estive era sempre tudo muito
limpo. Dá gosto morar em um lugar limpo, bonito, pintado. Isso faz muita
diferença, é claro que também é advindo de um hábito cultural. Infelizmente, no
Brasil ainda há muitas pessoas que jogam lixo no chão.
0 comentários:
Postar um comentário