sábado, 9 de novembro de 2013

Intercâmbio na Universidade de Porto e viagem pela Europa

Leandro Guedes, 23 anos.
Profissão: Estudante de Ciência da Computação.
O que pretende: Fazer mestrado ou trabalhar na área.
Países que conhece: Alemanha, Argentina, Bélgica Espanha, França, Holanda, Itália (Vaticano), Marrocos, Paraguai, Portugal, República Tcheca e Uruguai.


 
     Participei de um programa de intercâmbio para dar continuidade aos meus estudos de graduação em um país da Europa, assim optei por estudar na Universidade de Porto em Portugal. O programa durou no total seis meses e a experiência de ter morado em outro país, durante este tempo, foi sensacional, a melhor coisa que aconteceu na minha vida. No começo eu não tinha muita expectativa, mas chegando lá eu me encantei com o país, com as pessoas e com os lugares. Tudo era novo naquele ambiente para mim. Tive a oportunidade de sair da zona de conforto e consequentemente amadureci como ser humano, em uma experiência única.

    Conviver com diferentes culturas em um outro país, foi uma experiência desafiadora, mas em momento algum pensei em desistir. Eu cheguei lá, era o que eu queria. Na realidade eu não queria era voltar, porque aquilo estava sendo tão bom que eu não queria que acabasse. Nas horas livres, eu ia para o parque, praia e achava tudo incrível, queria aproveitar ao máximo. Eu viajei bastante também, então tudo que pude aproveitar eu aproveitei. Os lugares que eu recomendo visitar são vários, pois eu tive e pude conhecer muitos países na Europa. Todas as cidades são belíssimas: Bruxelas (Bélgica), Amsterdã (Holanda), Madrid e Barcelona (Espanha), além de Porto (Portugal), onde morei. Lá é uma cidade incrível, onde tive muito prazer em morar. É um lugar que eu passaria a vida toda e as férias também.

    Para compras, na Europa tem de tudo. Todos os produtos são de bastante qualidade, como roupas, sapatos, acessórios, entre outros. Então, não se encontra coisas mal feitas, ou camelôs/ vendedores ambulantes como aqui no Brasil. Há diversas opções, desde a lojinha da esquina, como shoppings e lojas de grandes marcas mais elitizadas.

            Em relação aos passeios em Porto, a Ponte da Arrábida, que separa o Rio Douro da Cidade do Porto e liga a Vila Nova de Gaia. Esta ponte é o melhor lugar turístico, onde todos vão para tirar fotos. É um lugar realmente lindo, com vários bares e comércio ao redor, ideal para ir comer francesinha, que é a comida típico de Porto. Este prato é como um hambúrguer: contém um bife de carne, queijo, presunto, pão e um molho especial, que é bem apimentado. É muito gostoso, mas é bem calórico e viciante também, além de caro, comparado ao preço de um hambúrguer normal.
A vida noturna que vivenciei foi bastante agitada. Como fui em um programa de intercâmbio estudantil, eu e meus amigos tínhamos o cartão Erasmus, com este nós podíamos ir a todas as festas com desconto ou íamos para a “Festa do Dia”, na qual a entrada era de graça e ainda ganhávamos uma dose de bebida (Shot). Então, saía a um preço muito baixo, mais do que em qualquer lugar no Brasil. Além disso, as festas eram muito boas, cheias de estudantes intercambistas. Em Porto, há um local só para festas brasileiras, além de diversos bares e boates. As bebidas são muito baratas, como chope, copo de cerveja, vinho do Porto, entre outras.

Notei que, apesar de falar o mesmo idioma, que é o português, há uma diferença gigantesca entre o modo como falamos no Brasil e como é falado em Portugal. Além disso, constatei que no Brasil não conhecemos praticamente nada sobre os portugueses e eles pelo contrário, conhecem bastante sobre a nossa cultura, devido a influência da mídia, as TVs oferecem na programação novelas brasileiras e nas rádios também passam músicas do Brasil. Então, a presença do nosso país em Portugal é muito grande, ao passo que a presença portuguesa no Brasil é muito pequena. Foi muito interessante perceber o quanto eles conhecem a respeito do Brasil, eu fiquei orgulhoso pelos portugueses saberem aspectos culturais brasileiros com tanta naturalidade e facilidade, porém a recíproca não é verdadeira em relação ao conhecimento precário que temos sobre eles. Um fato que admirei lá também foi relacionado à educação da população, porque a maioria das pessoas são solícitas e ajudam bastante, então você não passa aperto na rua ao pedir informação, porque alguém sempre está disposto a auxiliar. Achei isso bem legal.
 
Os pontos negativos foram muito pequenos em comparação com os bons momentos que tive. O único fato que realmente me incomodou foi a burocracia portuguesa. Então, para tirar o cartão de morador, eu tive que ir várias vezes ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras - SEF, enfrentar fila, entregar a documentação e às vezes precisava voltar ao local porque havia faltado alguma coisa. Este transtorno foi bem chato, nada que não aconteça no Brasil também, mas, tratando-se de um país desenvolvido, eu esperava que as coisas funcionassem mais rapidamente em Portugal.

Outro aspecto emblemático que percebi, é que os portugueses são por um lado, bastante receptivos e ao mesmo tempo alguns são mais ignorantes em alguns aspectos, como por exemplo, tratar a mulher brasileira de maneira estereotipada, relacionando-a com a prostituição, algumas ignorâncias desse tipo normalmente são mais comuns para pessoas mais idosas. Entretanto, os jovens são mais bem informados, a maioria é composta por estudantes, intelectuais, em geral eles são mais cultos e gentis. Além disso, praticamente todos falam inglês, o que não ocorre na Espanha, por exemplo, que é um país ao lado.

Em contrapartida, me emocionei com vários fatores, como o dia a dia no país, a vista que eu tinha quando saía para caminhar, correr pela cidade à beira do mar ou à beira do rio, tudo isso para mim foi incrível. Eu estava em um lugar novo e ao mesmo tempo era como se aquele lugar fosse a minha casa, um lugar que eu sempre quis estar. Além disso, fui muito bem acolhido pela população local. No meu primeiro dia de aula, eu estava perdido e meus colegas me ajudaram a encontrar a classe, me explicaram sobre as aulas, os professores, como eu deveria proceder, como era o esquema de presenças lá, enfim, não sabia de nada. Depois eu fui me acostumando ao ritmo. Eu conheci colegas sensacionais lá.


   Entre as recomendações que sugiro para quem deseja viajar pela Europa, a primeira de todas é: procurar na internet o máximo de informações a respeito do local; é importante  pesquisar também onde você vai morar ou se hospedar, uma dica é  seguir grupos no Facebook que ofereçam estas informações. Além disso, recomendo conhecer as histórias e referências de pessoas que já foram ao local ao qual você deseja ir, há muitos blogs, vídeos, enfim, isso é de suma importância. Estes relatos não se encontram em livros, não estará no próprio site do país, ou seja, estas dicas específicas você só encontrará em vias alternativas, nas publicações de pessoas que já foram e saberão como é esta experiência. Por fim, sugiro verificar quais regiões são ideais para ir ou ficar, e as que não são; além de informações como trânsito, sistema de transporte, cartão do metrô, todas essas coisas.

O lugar em que fiquei hospedado, foi no alojamento da Universidade e era preciso pagar uma taxa de 130 € (a propina que eles chamam), era um quarto duplo, ou seja, com duas camas no quarto, um banheiro, e um closet, tinha frigobar e mesas de estudo. Foi tranquilo conviver com o meu colega de quarto. A maior parte do tempo eu passava fora e quando eu retornava a residência estudantil, havia vários estrangeiros que frequentavam ou residiam lá. Esta experiência foi muito boa. Eu me comuniquei lá mais em inglês do que em português. O intercâmbio me proporcionou fazer amizade com pessoas do mundo inteiro: Grécia, Espanha, Itália, Lituânia, Bélgica, entre outros países. Mantenho contato com eles através do Facebook e trocamos informações, eu gosto muito deste contato multicultural. O que eu mais aprecio hoje em dia é saber que o mundo não tem barreiras e que tudo é possível.
 
Meus amigos contribuíram demais para minha evolução. Dentre todas as pessoas que tive contato, à medida que os estrangeiros estavam lá, eu falava em inglês e aperfeiçoava o idioma, com os portugueses eu estava melhorando o sotaque diferente no dialeto e estava aprendendo muito sobre cursos e maneiras diferentes de se aprender computação mundo afora. Eu gosto muito de conviver com outras culturas. Desde que eu voltei ao Brasil, participei da AIESEC que é o maior grupo de jovens universitários do mundo. Então, eu pretendo continuar nessa linha multicultural, conhecer pessoas de diversos países, aprender novas línguas, acho isso o máximo. Esta minha característica foi totalmente aguçada pelo intercâmbio e me fez prosseguir com estas escolhas que até então estavam só no papel.

A experiência valeu muito a pena, mudou muito o modo como eu encaro as coisas, porque eu acho que depois de tudo que aconteceu, eu não voltei o mesmo. Ninguém volta o mesmo depois de um intercâmbio, seja no aspecto micro ou macro. Esta experiência foi enriquecedora pelos aprendizados que tive, como me virar sozinho, conhecer novas pessoas e fazer de um lugar diferente minha nova casa, foi incrível, todos deveriam passar por isso. Eu acredito que realmente a palavra intercâmbio é uma troca. Então esta troca de vivência, esta troca de aprendizado é o que mais vale para toda a vida.
 
No momento, eu não tenho planos concretos de fazer novas viagens, mas eu tenho muito interesse, essa virou minha meta de vida agora, que é conhecer todo o mundo, o máximo de lugares e pessoas interessantes que eu puder, porque acredito que a vida não se limita só ao lugar que você nasce e cresce, o mundo é muito maior do que a gente pensa. Ainda pretendo conhecer os Estados Unidos, voltar para Europa ou Austrália, ou apenas visitar um local novo.
 
O Brasil pode melhorar em muitos aspectos, desde, por exemplo, em uma parada de ônibus, eu chego ali e quero saber para onde eu vou, mas não tenho nenhuma informação acessível. Se eu quiser entrar na internet, tampouco há acesso. Então, a única alternativa que resta é perguntar para as pessoas que estão passando pela rua, caso contrário, é impossível locomover-se. Na Europa, há informações de maneira acessível a todos. Na parada de ônibus já tem tudo escrito, juntamente com o mapa que mostra o trajeto que o transporte faz e quanto tempo falta para que ele chegue ao ponto de ônibus. Estes simples fatos são de grande valia, capazes de possibilitar que tanto o turista como o nativo não se percam. Vejo que ainda falta muito para o Brasil evoluir neste quesito. Outra questão que devemos nos preocupar é com a manutenção das cidades, onde estive era sempre tudo muito limpo. Dá gosto morar em um lugar limpo, bonito, pintado. Isso faz muita diferença, é claro que também é advindo de um hábito cultural. Infelizmente, no Brasil ainda há muitas pessoas que jogam lixo no chão.
  
Por outro lado, aprecio o fato de o brasileiro ser um povo muito alegre, que querendo ou não, enfrenta muitos obstáculos, mas que continuam lutando, batalhando a cada dia. Há muitos trabalhadores que precisam sustentar uma família inteira em condições de trabalho muitas vezes exploratórias. Sinto orgulho da batalha do nosso povo, de “dar o duro” e levarem o Brasil para frente. O que me deixa muito triste é a corrupção. Nós pagamos impostos altíssimos e não recebemos nada em troca. O Brasil tem grandes potenciais, há lugares belíssimos. Nós não precisamos ficar cegos e achar que só o que tem lá fora é bom. Temos músicas de qualidade, belezas naturais, um clima agradável, cidades maravilhosas, praias em Santa Catarina, Nordeste, a Serra Gaúcha, o Rio de Janeiro. Enfim, são lugares que estão aqui, perto da gente. É só a sabermos aproveitar!




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