Victor Fagundes, 24 anos.
Profissão: Estudante de Direito, formando.
O que pretende: ser funcionário público ou ser dono do próprio negócio.
Países que conhece: Bolívia, Chile e Peru.
Deserto do Uyuni -Bolívia, 2012 |
Isla del Sol, Copacabana - Bolívia |
Eu e meu irmão resolvemos fazer um mochilão pela América do Sul durante 20 dias, de hostel em hostel conhecemos uma parte da cultura latina e aqui listo diversas curiosidades e fatos inusitados que percebi e compartilho com os futuros mochileiros.
Em Lima, o que mais apreciei foram as praças floridas e a limpeza da cidade. Um aspecto que percebi é que apesar de alguns nativos serem mais tradicionalistas, reparei que em geral os peruanos são bem ligadas na questão do vestuário, a marcas esportivas como Adidas, Nike, Puma, entre outras. Um fato que me marcou lá também foi que no meu último dia lá, eu e meu irmão estávamos caminhando pela cidade e acabamos descobrindo que estava havendo uma feira gastronômica e ao lado havia um pessoal dançando algumas danças típicas. Achei interessante as pessoas lá terem este costume de dançar, presenciei uma cena com diversos jovens entre 15 e 20 anos, dançarem em grupos vários tipos de músicas de forma sincronizada e com coreografia. Em Cuzco, assisti um desfile militar, as praças da cidade estavam cheias de gente, havia bastante turistas e alguns nativos vestidos com roupas típicas dançando. Eu acredito que eles estavam em um ensaio para alguma apresentação.
Copacabana, na Bolívia, é uma cidade que faz fronteira com o Peru. Passeando por lá à noite avistei uma festa dentro do ginásio de esportes, mas era necessário pagar para entrar. Como meu dinheiro estava contado e precisava retornar logo para o hostel, resolvi filmar por cima do portão para ver o que estava acontecendo. Depois, vi que eram várias apresentações. Por ser um cidade pequena, imagino que as maiores atrações deveriam ser as festas naquele ginásio, além de atividades no Lago Titicaca.
Vale de la Luna, La Paz - Bolívia |
Coroico - Bolívia, 2012 |
Copacabana - Bolívia |
No Chile, conheci a cidade San Pedro de Atacama, e me senti como se eu ainda vivesse na época da ditadura porque à noite lá é proibido ficar na rua bebendo, não pode ter festas na cidade, a maioria das que ocorrem em geral, são clandestinas e a polícia faz o controle. Acredito que este fato é devido a cidade ainda ser muito pequena e lá ainda permaneceu alguns resquícios da ditadura. A meia noite lá tudo já está fechado. Mas mesmo assim, é uma cidade que atrai muitos turistas do mundo inteiro, pois há muitas atrações turísticas ligadas a natureza local.
Um aspecto que me marcou negativamente na Bolívia foi referente à pobreza. Ao chegar lá, fiquei surpreso achando que devia ser outra cidade devido a forma como eles vivem, em prédios inacabados, parece uma grande favela. Apesar disso, não achei perigoso. Já em Lima, um fator não muito agradável que notei foi que a cidade é muito barulhenta. Há muita buzina no trânsito, uma grande poluição sonora.
Em todos os locais que fomos nos hospedamos em hostels, cada um oferece diferentes opções. Na minha opinião, compensa hospedar-se nestes locais porque é bem mais barato do que hotel. Em todos eu e meu irmão optamos por ficar em quartos coletivos, pois quanto mais pessoas no quarto, mais barato é normalmente, além de ser uma oportunidade para conhecer novas pessoas. Dividimos quarto com irlandeses, suíços, franceses, americanos, chilenos, coreanos, japoneses. Houve até mesmo uma situação inusitada, à qual quando chegamos ao primeiro hostel em Lima conhecemos um americano lá e descobrimos que, por coincidência, ele iria ficar no mesmo hostel que a gente em Cuzco, e assim, ficamos no mesmo quarto novamente.
A única dificuldade que tive em relação à hospedagem foi no Chile, em San Pedro de Atacama porque eu não havia reservado previamente um hostel e acabamos ficando em um local que era o mais barato, mas era bem “trash” (de má qualidade, estranho). Entretanto, em nenhum momento pensei em desistir do mochilão por circunstâncias difíceis, claro que havia momentos em que eu estava cansado e sentia falta do conforto da minha casa. No fim das contas, foi bom chegar em casa. Porém, ao mesmo tempo, queria ter ficado mais tempo viajando, fiquei neste paradoxo, mas para mim foi perfeito, não mudaria nada! O legal de viajar não é só conhecer os lugares, mas também as pessoas.
As pessoas que conheci em cada local contribuíram para o meu amadurecimento porque elas fazem parte da nossa viagem. Só o tempo que você “gasta” conversando com pessoas de outras culturas, na realidade, você “ganha” sabedoria sobre o modo de vida delas em relação à muitos aspectos como política, costumes e tradições. Desta forma, você confirma ou quebra paradigmas pré estabelecidos. Dá vontade de sair correndo para conhecer todos os lugares do mundo. Durante o mochilão, pude ver pessoas de todos os estilos, inclusive os mais aventureiras, “soltos” no mundo, que não estão presas a nenhum bem material, e ao conhecê-las, comecei a refletir se realmente devemos dar tanto valor para o que nós damos em nossas vidas? Eu acho que não. Vi que os “mochileiros” são muito felizes só fazendo isso, viajando pelo mundo afora.
De todos os passeios que eu fiz durante a viagem o que mais me emocionou foi na cidade de Coroico na Bolívia, ter descido na Estrada de La Muerte de bicicleta e ter tomado banho de rio, para mim isto foi espetacular! Além disso, almoçamos em uma cabana e no local havia macacos e arara. Este passeio na minha opinião, “ganhou” inclusive do Deserto de Uyuni também na Bolívia e de Macchu Picchu no Peru porque destes lugares eu já tinha ouvido falar bastante e já esperava muita coisa. Então eu tinha uma grande expectativa e realmente estes lugares são muito bom. Mas o passeio de bicicleta em Coroico é uma coisa que ninguém que eu conhecia havia feito e foi muito além do legal, porque eu amo pedalar e estava com pessoas que se tornaram meus amigos e me marcaram. Enfim, esta foi uma surpresa agradável e inesquecível, que me marcou e eu faria novamente.
Após ter conhecido estes países vizinhos do Brasil e ter ampliado a minha percepção de várias formas, vejo que definitivamente o sistema de transporte no Brasil precisa melhorar com certeza, porque em comparação ao do Peru, constatei que os transportes públicos de lá são acessíveis e atendem toda a população a um preço bem justo, então constatei que é muito melhor do que os do Brasil e bem mais barato.
Além disso, acredito que nosso país ainda precisa melhorar muito no quesito do preparo turístico, como ter mais infraestrutura, guias turísticos, centros de informação, profissionais bilíngues (inglês/espanhol) e principalmente o governo e a população deveriam explorar melhor o potencial turístico de cada local, por exemplo, em algumas cachoeiras não há uma estrutura decente e em restaurantes, muitos ainda faltam adquirir um cardápio bilíngue. Até mesmo onde vivo, em Brasília, capital do país, na Esplanada dos Ministérios não há um sistema de transporte com qualidade e infraestrutura turística, só existe opções para quem mora na cidade e já conhece. Além disso, os táxis daqui não são muito eficientes e cobram muito caro, em comparação a outros lugares. Por fim, acredito que a falta de infraestrutura é o pior problema para o turista no Brasil, pois são poucos os lugares no Brasil que tem esse tipo de preocupação, sei disso porque já viajei bastante pelo país.
Um outro fato é que a cultura de hostel/ Albergues no Brasil praticamente não existe, por isso tive vontade de abrir um em Brasília, porque mesmo que haja hotéis, quem é mochileiro não quer hospedar-se lá. Sem contar com a crescente demanda que haverá na Copa e Olimpíadas. Além disso, há vários locais próximos a Brasília que são pontos turísticos a serem explorados muito bons, como cachoeiras, Chapada dos Veadeiros, ou até mesmo o Parque Nacional de Brasília (Água Mineral) e a Ermida Dom Bosco, que o turista iria gostar, caso tenha uma infraestrutura adequada. Uma grande riqueza de Brasília também é o céu, o pôr do sol daqui é maravilhoso, enfim, há muitos pontos turísticos interessantes que não estão sendo explorados como deveriam.
Por outro lado, valorizo aspectos de nossa cultura como o fato de sermos bastante receptivos. Se alguém está com dificuldade, o brasileiro, em geral, tenta ajudar. Mesmo que o estrangeiro não saiba falar português, espanhol, ou qualquer outro idioma, o brasileiro dá um jeito de se comunicar com aquela pessoa e consegue ajudar de algum jeito. O que ainda precisamos melhorar é a educação e o cuidado com a poluição, ainda há muitas pessoas que tem o costume de jogar lixo no chão. Deserto do Uyuni, 2012 |
Coroico, Bolívia, 2012 |
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