terça-feira, 5 de novembro de 2013

Intercambio para Austrália pelo Ciências sem Fronteiras


Matheus Vieira Portela, 19 anos.
Profissão: Estudante de Engenharia Mecatrônica.
O que pretende:
Trabalhar com robótica ou com sistemas automatizados.
Países que conhece: Estados Unidos, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Emirados Árabes Unidos, Austrália e Nova Zelândia.

Anglesea Beach, Victoria - Australia, 2012
East Coast Natureworld, Tasmania - Australia, 2012

          Contarei sobre meu intercâmbio na Australian National University, em Canberra (capital da Austrália), pelo programa Ciência sem Fronteira. A experiência de ter vivido em outro país foi algo fantástico, percebi que não se trata apenas de visitar locais bonitos e famosos. Na realidade, vai muito além, pois é possível evoluir como indivíduo, enxergar novas oportunidades e perceber como o mundo é enorme e variado. Foi algo fantástico.

            Durante meu intercâmbio, morei em alojamento universitário, localizado no próprio campus da Australian National University. De todas as escolhas que fiz, essa foi, sem dúvida, a melhor de todas, pois enriqueceu minha experiência de uma maneira que nunca imaginei ser possível. Viver dentro do campus foi um dos fatores que mais favoreceu a conhecer novas pessoas e fazer amizades. Os australianos sempre estavam muitos dispostos em me ajudar, caso houvesse qualquer problema com adaptação ou coisas do gênero. Entretanto, a maior parte dos amigos que fiz eram outros estudantes internacionais (de todos os cantos do mundo: EUA, Europa, Sudeste Asiático, África), além de ter conhecido muitos outros brasileiros que participaram do intercâmbio comigo. Poder conviver com diversas pessoas, as quais têm histórias de vida tão diferentes umas das outras, foi realmente uma experiência inovadora.

            Dentre os lugares que visitei em Canberra, recomendo visitar os prédios do Parlamento Australiano, o Lago Burley Griffin, Memorial da Guerra. Na primavera, ocorre um festival das flores, o Floriade, que é fenomenal. Ao se hospedar, recomendo o albergue da juventude Canberra City YHA, que é bom, barato e com excelente localização, bem no centro da cidade. Nele também é possível agendar ou conseguir informações de passeios turísticos. Caso esteja vindo de Sydney, vale mais a pena viajar de ônibus por cerca de 3h30.
            Para sair à noite na capital, o local ideal para ir é o Civic, bairro central da cidade. Isso porque, nele, há diversos pubs e lounges para beber cerveja e jogar papo fora, como o King O’Maley’s, e boates, como ICBM ou Meche. Inclusive, às quintas-feiras, ocorre a Uni night, noite na qual não é cobrado dinheiro para entrar nas boates. As demais grandes cidades, como Sydney, Melbourne, Perth ou Brisbane, possuem vida noturna agitada. Em geral, há regiões ou bairros que concentram casas noturnas e bares ou pubs. Vale a pena checar quando ocorre a uni night em cada cidade, que pode variar de quarta a sexta-feira.

Na Austrália, o melhor local para comprar são os outlets, lá há roupas boas e baratas, com a rede DFO (Direct Factory Outlets). Para artesanato, principalmente produtos de arte aborígene, recomendo uma viagem ao Outback, que é um deserto no centro do país. Na cidade de Canberra, é imprescindível visitar o Canberra Centre, um dos maiores shoppings da cidade e que fica bem no seu centro. Além disso, uma visita a Canberra não está completa sem visitas ao Parlamento da Austrália, ao Memorial da Guerra e à Telstra Tower. Para um programa mais fitness, é possível alugar bicicletas para pedalar em volta do Lago Burley Griffin ou até mesmo velejar.

            Aos aventureiros e viajantes, sugiro uma viagem à Tasmânia, que por ser uma ilha à parte, não costuma estar nos roteiros tradicionais de viagem na Austrália. Cito esse lugar porque o seu meio ambiente é único, possuindo espécies de animais raras em outros lugares ou exclusivas à ilha, montanhas e cavernas maravilhosas. Mais além, a culinária é bem puxada para peixes e frutos do mar devido à cultura de pesca que há na região.

            Em relação aos aspectos culturais, a Austrália é famosa pela sua carne de canguru, algo que todo estrangeiro deve provar. Sanduíches com vegemite também costumam ser oferecidos para os visitantes, apesar de possuir um gosto não tão agradável. Por fim, comidas mais britânicas, como Fish n’ Chips, costumam ser de fácil obtenção. Em geral, os australianos são apaixonados por cerveja, diversão e esportes. Em alguns locais, as partidas de rugby são tão sagradas quanto missas (apesar de serem um pouco mais violentas). Aliás, existe um esporte nacional chamado Futebol Australiano (AFL – Australian Football League), que mistura aspectos do rugby com o futebol tradicional. 

            Não há uma religião predominante no país, sendo uma boa parte da população católica, anglicana ou ateísta. No país, aproximadamente 25% da população é constituída por imigrantes. Dessa forma, a diversidade cultural é intensa, principalmente nos grandes centros. Ademais, o australiano é conhecido por ser um povo receptivo em relação aos imigrantes e turistas. 

            Na minha opinião, a maior dificuldade que tive foi criar uma grande amizade com algum australiano. Porque apesar deles receberem bem os imigrantes, eles costumam ser mais reservados, praticando a política de boa vizinhança ao invés de tentar construir laços duradouros. Um outro problema de adaptação que tive foi em relação aos australianos possuírem horários rotineiros diferentes dos nossos. Como exemplo, notei que lá é comum jantar relativamente cedo, entre as 17h30 e as 18h30. Como eu vivia em um alojamento universitário, as refeições tinham horário marcado e inflexível. Dessa forma, quando dava em torno de 23h, sentia fome novamente e, assim, criei o hábito de fazer um pequeno lanche noturno. Apesar destes aspectos negativos, não pensei em desistir do meu intercâmbio, mas creio que possuir uma data marcada para retornar ao Brasil tenha facilitado durante o período. 

            Algo que me marcou, ocorrido no meu segundo semestre de intercâmbio, foi quando fui convidado para ser o treinador do time de vôlei do meu alojamento, mesmo sem nunca ter feito isso no passado. Decidi assumir essa responsabilidade e, durante algumas semanas, treinei o time feminino. Foi então que, depois de uma partida na qual começamos perdendo, conseguimos dar a volta por cima e nos classificar para a final do campeonato da universidade, o que não acontecia há pelo menos cinco anos. Acho que o momento em que fizemos o último ponto, e todos corremos para o centro da quadra, foi o mais emocionante da minha viagem.

            Nas horas livres, eu costumava me envolver com atividades na universidade, tais quais a equipe de voleibol, artes marciais e eventos culturais. Também me acostumei a ler livros em locais abertos e visitar cafeterias. Durante o meu intercâmbio, tornei-me mais independente, pois tive que administrar meu dinheiro, tempo e prioridades por conta própria. Considero que, após passar um ano morando em outro país e convivendo com outras pessoas, comecei a encarar o mundo como um local de enormes diferenças culturais, com pessoas de todas as crenças, cores e opiniões. 


Mohammed Almutairi em Cradle Mountain, Tasmania - Australia, 2012

Quem quiser saber mais acesse: http://vivendocomcangurus.wordpress.com/

The Australian National University, Canberra - Australia, 2012

International vs. Domestic students soccer em ANU Fellows Oval, 2012


              Adoro conviver com diferentes culturas e pretendo fazer mais viagens, tanto dentro do Brasil (por exemplo, ao Pantanal, e ao interior da Bahia) quanto no exterior (para a Savana Africana e para o Sudeste Asiático). Minha prioridade atual será viajar o máximo que puder, dentro do Brasil, porque decidi que quero conhecer mais o meu próprio país antes de visitar outros lugares. Também pretendo viajar pela América Latina. Com a experiência do intercâmbio aprendi a organizar viagens, incluindo toda a burocracia de vistos, vacinas, seguros-saúde e entre outros.

            Analisando o Brasil em um aspecto macro, sugiro que o país invista pesadamente em educação, principalmente na educação pública de base, e em infraestrutura. No micro, o Brasil deve aceitar mais as diferenças existentes entre os seus habitantes e deixar de lado preconceitos sem fundamentos. Entretanto, nosso país possui uma cultura extremamente rica em todos os cenários: música, teatro, literatura, dança, culinária. Poucos foram os lugares que visitei que ofereceram essa enxurrada de cultura. Contudo, gostaria que o brasileiro pensasse mais no coletivo, evitando dar “jeitinhos” que acabam por prejudicar outras pessoas.



Apollo Bay - Austrália, 2012

The Great Ocean Road, Victoria - Australia, 2012

Veja mais fotos em: http://www.flickr.com/photos/108188765@N06/sets/72157637487784105/

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