Matheus Vieira Portela, 19 anos.
Profissão: Estudante de Engenharia Mecatrônica.
O que pretende: Trabalhar com robótica ou com sistemas automatizados.
Países que conhece: Estados Unidos, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Emirados Árabes Unidos, Austrália e Nova Zelândia.
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| Anglesea Beach, Victoria - Australia, 2012 |
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| East Coast Natureworld, Tasmania - Australia, 2012 |
Contarei sobre meu intercâmbio na Australian
National University, em Canberra (capital da Austrália), pelo
programa Ciência sem Fronteira. A experiência de ter vivido em outro
país foi algo fantástico, percebi que não se trata apenas de visitar locais
bonitos e famosos. Na realidade, vai muito além, pois é possível evoluir como
indivíduo, enxergar novas oportunidades e perceber como o mundo é enorme e
variado. Foi algo fantástico.
Durante meu intercâmbio, morei em alojamento universitário,
localizado no próprio campus da Australian National University. De todas
as escolhas que fiz, essa foi, sem dúvida, a melhor de todas, pois enriqueceu
minha experiência de uma maneira que nunca imaginei ser possível. Viver dentro
do campus foi um dos fatores que mais favoreceu a conhecer novas pessoas e
fazer amizades. Os australianos sempre estavam muitos dispostos em me ajudar,
caso houvesse qualquer problema com adaptação ou coisas do gênero. Entretanto,
a maior parte dos amigos que fiz eram outros estudantes internacionais (de
todos os cantos do mundo: EUA, Europa, Sudeste Asiático, África), além de ter
conhecido muitos outros brasileiros que participaram do intercâmbio comigo.
Poder conviver com diversas pessoas, as quais têm histórias de vida tão
diferentes umas das outras, foi realmente uma experiência inovadora.
Dentre os lugares que visitei em Canberra, recomendo
visitar os prédios do Parlamento Australiano, o Lago Burley Griffin,
Memorial da Guerra. Na primavera, ocorre um festival das flores, o Floriade,
que é fenomenal. Ao se hospedar, recomendo o albergue da juventude Canberra
City YHA, que é bom, barato e com excelente localização, bem no centro da
cidade. Nele também é possível agendar ou conseguir informações de passeios
turísticos. Caso esteja vindo de Sydney, vale mais a pena viajar de
ônibus por cerca de 3h30.
Para sair à noite na capital, o local ideal para ir é o Civic,
bairro central da cidade. Isso porque, nele, há diversos pubs e lounges para
beber cerveja e jogar papo fora, como o King O’Maley’s, e boates, como ICBM
ou Meche. Inclusive, às quintas-feiras, ocorre a Uni night,
noite na qual não é cobrado dinheiro para entrar nas boates. As demais grandes
cidades, como Sydney, Melbourne, Perth ou Brisbane, possuem vida
noturna agitada. Em geral, há regiões ou bairros que concentram casas noturnas
e bares ou pubs. Vale a pena checar quando ocorre a uni night em cada
cidade, que pode variar de quarta a sexta-feira.
Na Austrália, o
melhor local para comprar são os outlets, lá há roupas boas e baratas,
com a rede DFO (Direct Factory Outlets). Para artesanato, principalmente
produtos de arte aborígene, recomendo uma viagem ao Outback, que
é um deserto no centro do país. Na cidade de Canberra, é imprescindível
visitar o Canberra Centre, um dos maiores shoppings da cidade e que fica
bem no seu centro. Além disso, uma visita a Canberra não está completa
sem visitas ao Parlamento da Austrália, ao Memorial da Guerra e à
Telstra Tower. Para um programa mais fitness, é possível alugar
bicicletas para pedalar em volta do Lago Burley Griffin ou até mesmo
velejar.
Aos aventureiros e viajantes, sugiro uma viagem à Tasmânia,
que por ser uma ilha à parte, não costuma estar nos roteiros tradicionais de
viagem na Austrália. Cito esse lugar porque o seu meio ambiente é único,
possuindo espécies de animais raras em outros lugares ou exclusivas à ilha,
montanhas e cavernas maravilhosas. Mais além, a culinária é bem puxada para
peixes e frutos do mar devido à cultura de pesca que há na região.
Em relação aos aspectos culturais, a Austrália é famosa pela
sua carne de canguru, algo que todo estrangeiro deve provar. Sanduíches com vegemite
também costumam ser oferecidos para os visitantes, apesar de possuir um gosto
não tão agradável. Por fim, comidas mais britânicas, como Fish n’ Chips,
costumam ser de fácil obtenção. Em geral, os australianos são apaixonados por
cerveja, diversão e esportes. Em alguns locais, as partidas de rugby são
tão sagradas quanto missas (apesar de serem um pouco mais violentas). Aliás,
existe um esporte nacional chamado Futebol Australiano (AFL –
Australian Football League), que mistura aspectos do rugby com o
futebol tradicional.
Não há uma religião predominante no país, sendo uma boa parte
da população católica, anglicana ou ateísta. No país, aproximadamente 25% da
população é constituída por imigrantes. Dessa forma, a diversidade cultural é
intensa, principalmente nos grandes centros. Ademais, o australiano é conhecido
por ser um povo receptivo em relação aos imigrantes e turistas.
Na minha opinião, a maior dificuldade que tive foi criar uma
grande amizade com algum australiano. Porque apesar deles receberem bem os
imigrantes, eles costumam ser mais reservados, praticando a política de boa
vizinhança ao invés de tentar construir laços duradouros. Um outro problema de
adaptação que tive foi em relação aos australianos possuírem horários
rotineiros diferentes dos nossos. Como exemplo, notei que lá é comum jantar
relativamente cedo, entre as 17h30 e as 18h30. Como eu vivia em um alojamento
universitário, as refeições tinham horário marcado e inflexível. Dessa forma,
quando dava em torno de 23h, sentia fome novamente e, assim, criei o hábito de
fazer um pequeno lanche noturno. Apesar destes aspectos negativos, não pensei
em desistir do meu intercâmbio, mas creio que possuir uma data marcada para
retornar ao Brasil tenha facilitado durante o período.
Algo que me marcou, ocorrido no meu segundo semestre de
intercâmbio, foi quando fui convidado para ser o treinador do time de vôlei do
meu alojamento, mesmo sem nunca ter feito isso no passado. Decidi assumir essa
responsabilidade e, durante algumas semanas, treinei o time feminino. Foi então
que, depois de uma partida na qual começamos perdendo, conseguimos dar a volta
por cima e nos classificar para a final do campeonato da universidade, o que
não acontecia há pelo menos cinco anos. Acho que o momento em que fizemos o
último ponto, e todos corremos para o centro da quadra, foi o mais emocionante
da minha viagem.
Nas horas livres, eu costumava me envolver com atividades na
universidade, tais quais a equipe de voleibol, artes marciais e eventos
culturais. Também me acostumei a ler livros em locais abertos e visitar
cafeterias. Durante o meu intercâmbio, tornei-me mais independente, pois tive
que administrar meu dinheiro, tempo e prioridades por conta própria. Considero
que, após passar um ano morando em outro país e convivendo com outras pessoas,
comecei a encarar o mundo como um local de enormes diferenças culturais, com
pessoas de todas as crenças, cores e opiniões.
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| Mohammed Almutairi em Cradle Mountain, Tasmania - Australia, 2012 |
Quem quiser saber mais
acesse: http://vivendocomcangurus.wordpress.com/
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| The Australian National University, Canberra - Australia, 2012 |
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| International vs. Domestic students soccer em ANU Fellows Oval, 2012 |
Adoro conviver com diferentes culturas e pretendo fazer mais viagens,
tanto dentro do Brasil (por exemplo, ao Pantanal, e ao interior da Bahia)
quanto no exterior (para a Savana Africana e para o Sudeste Asiático). Minha
prioridade atual será viajar o máximo que puder, dentro do Brasil, porque
decidi que quero conhecer mais o meu próprio país antes de visitar outros
lugares. Também pretendo viajar pela América Latina. Com a experiência do
intercâmbio aprendi a organizar viagens, incluindo toda a burocracia de vistos,
vacinas, seguros-saúde e entre outros.
Analisando o Brasil em um aspecto macro, sugiro que o país
invista pesadamente em educação, principalmente na educação pública de base, e
em infraestrutura. No micro, o Brasil deve aceitar mais as diferenças
existentes entre os seus habitantes e deixar de lado preconceitos sem
fundamentos. Entretanto, nosso país possui uma cultura extremamente rica em
todos os cenários: música, teatro, literatura, dança, culinária. Poucos foram
os lugares que visitei que ofereceram essa enxurrada de cultura. Contudo,
gostaria que o brasileiro pensasse mais no coletivo, evitando dar “jeitinhos”
que acabam por prejudicar outras pessoas.
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| Apollo Bay - Austrália, 2012 |
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| The Great Ocean Road, Victoria - Australia, 2012 |
Veja mais fotos em: http://www.flickr.com/photos/108188765@N06/sets/72157637487784105/











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