quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Tudo sobre a Tailândia

Nádia Araújo, 24 anos.
Profissão: Estudante de Publicidade – UnB.
O que pretende: Trabalhar em uma multinacional na área de comunicação ou em embaixadas.
Países que conhece: Tailândia e Chile.

Tiger Temple, Kanchanaburi - Tailândia, 2009


Eu já morei em Santiago, no Chile, por cinco anos. Fui para lá quando tinha 8 anos, e saí com 13. Depois me mudei para a Tailândia e vivi dos meus 14 aos 20 anos, devido ao emprego da minha mãe. Ela trabalha no Itamaraty e foi removida para trabalhar na Embaixada do Brasil em Bangkok.

            Aqui contarei da minha experiência na Tailândia. Apesar de ser um país bilíngue, na época em que vivi lá, o inglês não era tão falado quanto é atualmente. A capital está mais moderna, tem até sinalização em tailandês e inglês. Porém, quando eu cheguei ao país, não sabia tailandês e falava muito pouco o inglês. Então, passei quatro meses estudando com uma professora particular para ingressar na Escola Americana. Mas na rua eu tive muita dificuldade para me comunicar com os nativos, e só depois de uns quatro anos após a minha chegada, percebi que o inglês começou a fazer sucesso, pois os tailandeses perceberam que aquilo era realmente importante para eles e para os estrangeiros.

            Em relação ao preparo turístico, há uma boa infraestrutura na capital. Há muitos hotéis, hostels, albergues. A Tailândia é um país desenvolvido, principalmente nos grandes centros. Eu adorava morar lá, tem prédios muito altos, modernos e o transporte público é ótimo. O único aspecto que me deixou um pouco chocada foi a poluição, as ruas de Bangkok são bastante estreitas, há um grande número de veículos e há muita gente, é uma cidade entupida, tudo funciona 24 horas, é bem caótica.

            Os tailandeses, de modo geral, são receptivos, alegres “quase brasileiros”, só que mais tímidos. Mas o pessoal do comércio é muito aberto e simpático. Eu morei um apartamento que ficava em um bairro bastante seguro no centro da cidade. Vivi com minha mãe, meu pai e meus irmãos. Terminei o Ensino Médio na Escola Americana e cursei dois anos de Comunicação/ Publicidade na Universidade de lá. Era uma Universidade Internacional, privada, então as aulas eram todas em inglês e os professores também eram estrangeiros.

            Quem tiver planos de visitar o país, recomendo conhecer as praias, que são belíssimas, é um paraíso na Terra. Entre elas: Kabri, Koh Phi Phi, Phuket, Koh Samet, Koh Samiu, Koh Pagnan, Koh Tao. O litoral tailandês tem de tudo, barraquinhas, vendedores, boates próximas e bares. É um ambiente bastante turístico, tem até animais circulando, mas é realmente limpo. Tem alguns lugares com ilhas que é um sonho visitar, para uma lua de mel, por exemplo. Para comer, eu sugiro os restaurantes tailandeses que têm as comidas mais exóticas. 

            Além destas, há muitos pontos turísticos para visitar. Um dos que eu mais gostei foram os templos que tem na capital e próximos da capital. Em Bangkok tem o Grand Palace e o Wat Pho. Há vários templos juntos no mesmo local. O estrangeiro precisa pagar uma quantia e tailandês não paga nada. Além disso, não pode entrar com roupa curta, mostrando as pernas. Mas se um turista chegar lá desprevenido e estiver de saia ou short, os funcionários do templo cedem um saião emprestado para se cobrir, que se parece com uma canga enorme.

            Tem também uma cidade próxima que se chama Ku chon buri. Lá há museus da Segunda Guerra Mundial que possuem diversos objetos, quadros e fardas dos soldados do exército daquela época. Tem também o Templo dos Leões e dos tigres, é permitido tirar fotos com eles. Outra programação é ir ao zoológico para conhecer os animais mais específicos da cidade, que são os elefantes e pássaros também, apesar de que, como o clima de lá é tropical, bem como o do nosso país, a maioria dos animais de lá são os mesmos dos zoológicos daqui. A maior parte do tempo faz calor o ano inteiro, só nos primeiros meses que chove, e nevar lá é bem raro. 

            Para fazer compras, há lojas nas ruas e em shoppings. As roupas de lá são boas, tem qualidade e são baratas, há muita variedade. Bangkok tem um ótimo comércio. O atendimento ao público também é bom, os tailandeses, de modo geral, são bem educados. Também há feiras de artesanato e mercados, um dos mais conhecidos que vale a pena ir é o Chatuchak Weekend Market, que fica na capital. Lá é possível encontrar produtos típicos da região, como móveis de madeira e objetos de bambu. Esse mercado é gigantesco, tem artesanato, comida, acessórios, roupas e até animais para vender. 

            Os tailandeses não têm muito essa cultura de sair para o bar à noite com os amigos, como o brasileiro. Mas para quem procura diversão, o ideal é ir para uma rua chamada Khaosan Road or Khao Sarn Road, que é uma rua toda fechada, muito frequentada por turistas. O local é cercado por bares, lojas e restaurantes. Além disso, somente pedestres podem ter acesso.

            O mais inusitado do costume deles é o churrasquinho, porém o de lá é feito de insetos, tem escorpião, barata, grilo. Para mim é muito nojento, nunca tive vontade de provar, e se eu voltasse novamente, não provaria tampouco. As frutas são as mesmas do Brasil, mas uma que é típica de lá é o Durian, que se parece com a jaca que temos. O Durian tem um cheiro muito forte e é proibido carregar esta fruta em lugares públicos, no metrô tem até placas de sinalização indicando a figura do alimento e o sinal de proibido. Meu pai tentou trazer a semente do Durian para o Brasil e não nasceu, só tem naquela região mesmo. Outros pratos da região são o Khao Pad Gai, que é um mexido de arroz com frango (no inglês, Fried Rice Chicken), muito desejado pelos estrangeiros. Há sabores de carne, ovo, camarão, entre outros. E tem as sopas dos tailandeses, que é o Bami noodles com carne de pato, é uma delícia. Os nativos comem muita carne de pato e porco. 

            Um outro aspecto da cultura que me chamou atenção foi a tranquilidade dos tailandeses. Eles são muito lentos, devagar, não se estressam com nada. Devido ao país ter a maior parte da população budista, eles tendem a seguir algumas regras, que é respeitar o próximo, não roubar e tratar os outros bem. Por isso é um local seguro. Um costume brasileiro que não se deve fazer lá é em relação ao nosso cumprimento. Lá não é adequado abraçar nem beijar o rosto das pessoas, não importa a idade, nem de bebês. Também é proibido passar a mão na cabeça dos outros porque, segundo eles, é a parte mais importante do corpo, onde está a alma. Não é necessariamente uma lei, mas é algo da cultura religiosa.

            O país é cercado por estrangeiros, há muitos estudantes de intercâmbio, principalmente holandeses, porque há um incentivo para estudar na Universidade Internacional, já que as aulas são ministradas em inglês. Fiz muitas amizades lá e mantenho contato até hoje pelo Skype e Facebook. Entretanto, a maior contribuição para o meu desenvolvimento foi dos professores da universidade e escola, pois eles me ajudaram muito. Cheguei mal falando inglês e fui muito bem acolhida e incentivada por eles.

            Teve uma época em que eu estava bem revoltada e tive muita vontade de voltar para o Brasil. Mas minha família estava morando na Tailândia, era onde eu deveria estar, ainda por ser menor de idade, não tinha como voltar e desistir, o jeito foi me adaptar. Após um tempo, percebi que esta experiência foi única e obtive um aprendizado muito grande para a minha vida. Eu tive muitas oportunidades de conhecer várias línguas, pessoas de vários lugares e viajar para outros países da Ásia. Então, eu acredito que foi uma vivência muito linda!

            Hoje eu tenho uma mente mais aberta, consigo enxergar as coisas de várias formas, mais ampla. Eu acredito que ter uma vivência internacional ajuda a se fortalecer, pois você passa por muitos momentos difíceis, os supera e cresce como pessoa.,Penso que se eu não tivesse tido esta experiência, não seria quem eu sou hoje. Pretendo e quero viajar por outros países, pois valorizo muito conhecer e respeitar outras culturas. As lições que aprendi na Tailândia foi respeitar a cultura do próximo e ter mais paciência. 

            Gostaria de trazer de lá o modelo de respeito, a sabedoria e tranquilidade dos tailandeses para o Brasil, assim saberíamos lidar melhor com as situações e problemas. O brasileiro é muito agitado, ansioso e valorizei muito a constante paz deles. Em relação aos outros aspectos, gostaria que o Brasil melhorasse a segurança e adotasse transportes mais eficientes. Lá o transporte é barato e capaz de atender toda a população. Porém, algo que valorizo da nossa cultura é nossa sintonia com a família, ter os almoços, jantares em família, comemorações, ver aos jogos com os amigos, estamos sempre juntos. Isso é algo raro de ver no exterior.

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