Isabela Kuiaski Corsatto, 25 anos.
Profissão: Estudante.
Profissão: Estudante.
O que pretende: Ser funcionária pública.
Países que conhece: Alemanha, França, Itália, Áustria, República Tcheca, Hungria, Rússia, Suécia, Dinamarca, Islândia, Estados Unidos e Argentina.
Berlim - Alemanha, 2006 |
Tive a oportunidade de ter conhecido muitos países,
mas relatarei a respeito do intercâmbio que fiz na Alemanha. Foi uma
experiência maravilhosa, pois aprendi outra língua (alemão) e vivi outra
cultura. Também pude me virar sozinha e vencer a timidez para conhecer novas
pessoas. Recomendo aos turistas que desejam conhecer outros países, que
aprendam um pouco da língua antes de ir e estudem a história do país, a
tradição, além de procurar se informar bastante sobre o lugar para onde irá e
levar sempre um dicionário.
Na Alemanha, há muitos lugares
que eu recomendo visitar, pois o país tem muitas cidades lindas e cheias de
histórias, mas Berlim é um local que todos que vão à Alemanha deveriam
conhecer. Vale a pena também conhecer outros locais da Europa, já que são
próximos uns dos outros, mas um que me chamou a atenção em particular foi a
Islândia. O país é lindo e bem diferente do que conhecemos no Brasil. Acho que
é uma ótima viagem para se fazer, tanto no inverno quanto no verão. O prato
típico da cidade que vivi era batata assada e frita com salsichão.
No período que morei na Alemanha,
não comprei muitas coisas, pois preferia visitar lugares e comer, mas tanto lá
como em outros lugares da Europa há muitas lojas de departamento que são mais
em conta para compras. Para sair à noite há diversas opções, como teatros,
bares e cafés. Durante o dia também há vários locais para conhecer. Eu gostei
muito dos parques da Alemanha, além dos pontos turísticos obrigatórios para
conhecer de cada cidade. Gostava muito de viajar de trem de uma cidade para
outra, para assim ver a paisagem e observar um pouco do dia a dia dos moradores
de cada local.
Um aspecto da cultura que me
chamou a atenção de lá é a pontualidade não só das pessoas, como dos trens,
ônibus e da organização social em geral. Por não estar habituada com esses
costumes, passei por uma situação complicada em um dia que precisei pegar um
trem sozinha para outra cidade e, por poucos minutos de atraso, acabei perdendo
o trem. Eu não sabia ver no painel quando o próximo iria passar. Por ainda ter
dificuldade com o alemão, perguntei a uma funcionária da estação se ela
falava inglês (Sprechen Sie English?), pois era a língua que eu falava
melhor até aquele momento. A funcionária foi muito grossa e me respondeu que
estávamos na Alemanha, por isso só devíamos falar alemão. Fiquei
chateada e comecei a pensar que os alemães eram realmente grossos e frios, como
eles são conhecidos. Porém, uma moça alemã viu o que aconteceu e me falou em inglês
que essa senhora não havia sido gentil comigo e perguntou do que eu precisava.
Expliquei a situação e ela me informou o horário do trem, também
disse que iria pegar o mesmo trem que eu. Conversamos muito, ela me perguntou
sobre o Brasil e contou que tinha muita curiosidade de conhecer o meu país.
Confesso que, no começo do
intercâmbio, pensei algumas vezes em voltar, porque não conhecia ninguém e
tinha dificuldade de falar com as pessoas. Morei com três famílias. A primeira,
numa cidade de 5 mil habitantes chamada Stadtoldendorf, e as outras duas
na cidade chamada Holzminden, que tinha 21 mil habitantes. Notei
que a primeira família não estava muito interessada em saber da minha cultura.
Eu achava que me tratavam com indiferença. Eles chegaram ao ponto de me
perguntar se eu sabia o que era um celular e se eu conhecia McDonald’s.
Este fato e outros motivos me fizeram pensar em desistir, mas eu mudei para a
segunda família e tudo melhorou. O novo lar era muito acolhedor e eles fizeram
com que eu me sentisse muito à vontade e feliz. Conheci uma terceira família e
foi muito bom também.
Uma semana antes de voltar para o
Brasil, minha segunda família fez uma festa surpresa pra mim. Chamaram-me para
um lanche e, quando cheguei, havia muitas pessoas da escola e outros
conhecidos. Fiquei muito emocionada. A família me entregou um pacote com 365
cartas, escritas por várias pessoas que eu conheci naquele ano e que era para
eu ler uma por dia, durante um ano. Fiquei muito feliz!
Lá fiz alguns amigos, mas foi
difícil porque sou tímida, ainda mais em outro país. Mas depois de um tempo,
fiz amizades lindas e tenho contato até hoje. Também fui bem acolhida pela
população local. A maioria das pessoas tinha vontade de saber sobre onde eu
vinha, mas em geral não conheciam muito sobre o Brasil. Nas horas livres
do estudo, geralmente eu saía para conhecer as lojas e os restaurantes. Adorava
a comida de lá, principalmente os doces. Em períodos livres mais longos, saía
de trem para conhecer cidades próximas.
Constatei que os alemães não são
frios como muitos falam. Eles apenas demoram mais para fazer amizade, mas
quando fazem são muito fiéis e amigos. Os estudantes são bastante dedicados.
Eles se preocupam muito com o futuro profissional, pelo menos no Gymnasium,
que foi onde estudei (compatível com o ensino médio daqui). Os alunos levantam
a mão para pedir permissão para falar com o professor, pois há um respeito
muito grande aos docentes. Senti que isso no Brasil já se perdeu, pelo menos em
relação ao que percebi nos meus últimos anos do ensino médio. Na Alemanha, o
sistema de ensino é diferente daqui. A primeira fase é o Kindergarten
(jardim de infância), depois tem o Grundschule (ensino fundamental) e o Grundschule,
em que há três opções de ensino secundário, que dependem das notas que o aluno
tirou e da avaliação dos professores: Hauptschule, Realschule e Gymnasium,
neste último os alunos precisam fazer uma prova chamada Abitur para
ingressarem na faculdade.
Enfim, o intercambio valeu a pena.
Recordarei o carinho de alguns amigos e das minhas duas últimas famílias. Com
esta experiência, aprendi a ser mais paciente, aproveitar mais as oportunidades
e agradecer por tudo que eu tenho. Ainda pretendo conhecer ainda muitos países e
diversas culturas. Também tenho planos de visitar a Ásia e morar no Canadá.
Em relação ao que penso sobre o
Brasil, valorizo nossa hospitalidade com as pessoas de outros países. Em geral,
temos curiosidade de aprender sobre novas culturas. O que acho que deveria
mudar é o "jeitinho brasileiro", pois aceitamos ou achamos normal
algumas coisas que os alemães não aceitariam de jeito nenhum. Por exemplo,
atrasar em compromissos, furar fila, atravessar com o carro no sinal vermelho.
Damos desculpas para quase tudo e não mudamos algumas atitudes. Acho que
poderíamos pegar o exemplo de pontualidade dos alemães e muitas coisas iriam
melhorar.
0 comentários:
Postar um comentário