segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Curiosidades sobre a Alemanha

Isabela Kuiaski Corsatto, 25 anos.
Profissão: Estudante.

O que pretende: Ser funcionária pública. 
Países que conhece: Alemanha, França, Itália, Áustria, República Tcheca, Hungria, Rússia, Suécia, Dinamarca, Islândia, Estados Unidos e Argentina.


Berlim - Alemanha, 2006



Tive a oportunidade de ter conhecido muitos países, mas relatarei a respeito do intercâmbio que fiz na Alemanha. Foi uma experiência maravilhosa, pois aprendi outra língua (alemão) e vivi outra cultura. Também pude me virar sozinha e vencer a timidez para conhecer novas pessoas. Recomendo aos turistas que desejam conhecer outros países, que aprendam um pouco da língua antes de ir e estudem a história do país, a tradição, além de procurar se informar bastante sobre o lugar para onde irá e levar sempre um dicionário.

Na Alemanha, há muitos lugares que eu recomendo visitar, pois o país tem muitas cidades lindas e cheias de histórias, mas Berlim é um local que todos que vão à Alemanha deveriam conhecer. Vale a pena também conhecer outros locais da Europa, já que são próximos uns dos outros, mas um que me chamou a atenção em particular foi a Islândia. O país é lindo e bem diferente do que conhecemos no Brasil. Acho que é uma ótima viagem para se fazer, tanto no inverno quanto no verão. O prato típico da cidade que vivi era batata assada e frita com salsichão.

No período que morei na Alemanha, não comprei muitas coisas, pois preferia visitar lugares e comer, mas tanto lá como em outros lugares da Europa há muitas lojas de departamento que são mais em conta para compras. Para sair à noite há diversas opções, como teatros, bares e cafés. Durante o dia também há vários locais para conhecer. Eu gostei muito dos parques da Alemanha, além dos pontos turísticos obrigatórios para conhecer de cada cidade. Gostava muito de viajar de trem de uma cidade para outra, para assim ver a paisagem e observar um pouco do dia a dia dos moradores de cada local. 

Um aspecto da cultura que me chamou a atenção de lá é a pontualidade não só das pessoas, como dos trens, ônibus e da organização social em geral. Por não estar habituada com esses costumes, passei por uma situação complicada em um dia que precisei pegar um trem sozinha para outra cidade e, por poucos minutos de atraso, acabei perdendo o trem. Eu não sabia ver no painel quando o próximo iria passar. Por ainda ter dificuldade com o alemão, perguntei a uma funcionária da estação se ela falava inglês (Sprechen Sie English?), pois era a língua que eu falava melhor até aquele momento. A funcionária foi muito grossa e me respondeu que estávamos na Alemanha, por isso só devíamos falar alemão. Fiquei chateada e comecei a pensar que os alemães eram realmente grossos e frios, como eles são conhecidos. Porém, uma moça alemã viu o que aconteceu e me falou em inglês que essa senhora não havia sido gentil comigo e perguntou do que eu precisava. Expliquei a situação e ela me informou o horário do trem, também disse que iria pegar o mesmo trem que eu. Conversamos muito, ela me perguntou sobre o Brasil e contou que tinha muita curiosidade de conhecer o meu país. 

Confesso que, no começo do intercâmbio, pensei algumas vezes em voltar, porque não conhecia ninguém e tinha dificuldade de falar com as pessoas. Morei com três famílias. A primeira, numa cidade de 5 mil habitantes chamada Stadtoldendorf, e as outras duas na cidade chamada Holzminden, que tinha 21 mil habitantes. Notei que a primeira família não estava muito interessada em saber da minha cultura. Eu achava que me tratavam com indiferença. Eles chegaram ao ponto de me perguntar se eu sabia o que era um celular e se eu conhecia McDonald’s. Este fato e outros motivos me fizeram pensar em desistir, mas eu mudei para a segunda família e tudo melhorou. O novo lar era muito acolhedor e eles fizeram com que eu me sentisse muito à vontade e feliz. Conheci uma terceira família e foi muito bom também.

Uma semana antes de voltar para o Brasil, minha segunda família fez uma festa surpresa pra mim. Chamaram-me para um lanche e, quando cheguei, havia muitas pessoas da escola e outros conhecidos. Fiquei muito emocionada. A família me entregou um pacote com 365 cartas, escritas por várias pessoas que eu conheci naquele ano e que era para eu ler uma por dia, durante um ano. Fiquei muito feliz!

Lá fiz alguns amigos, mas foi difícil porque sou tímida, ainda mais em outro país. Mas depois de um tempo, fiz amizades lindas e tenho contato até hoje. Também fui bem acolhida pela população local. A maioria das pessoas tinha vontade de saber sobre onde eu vinha, mas em geral não conheciam muito sobre o Brasil. Nas horas livres do estudo, geralmente eu saía para conhecer as lojas e os restaurantes. Adorava a comida de lá, principalmente os doces. Em períodos livres mais longos, saía de trem para conhecer cidades próximas.

Constatei que os alemães não são frios como muitos falam. Eles apenas demoram mais para fazer amizade, mas quando fazem são muito fiéis e amigos. Os estudantes são bastante dedicados. Eles se preocupam muito com o futuro profissional, pelo menos no Gymnasium, que foi onde estudei (compatível com o ensino médio daqui). Os alunos levantam a mão para pedir permissão para falar com o professor, pois há um respeito muito grande aos docentes. Senti que isso no Brasil já se perdeu, pelo menos em relação ao que percebi nos meus últimos anos do ensino médio. Na Alemanha, o sistema de ensino é diferente daqui. A primeira fase é o Kindergarten (jardim de infância), depois tem o Grundschule (ensino fundamental) e o Grundschule, em que há três opções de ensino secundário, que dependem das notas que o aluno tirou e da avaliação dos professores: Hauptschule, Realschule e Gymnasium, neste último os alunos precisam fazer uma prova chamada Abitur para ingressarem na faculdade. 

Enfim, o intercambio valeu a pena. Recordarei o carinho de alguns amigos e das minhas duas últimas famílias. Com esta experiência, aprendi a ser mais paciente, aproveitar mais as oportunidades e agradecer por tudo que eu tenho. Ainda pretendo conhecer ainda muitos países e diversas culturas. Também tenho planos de visitar a Ásia e morar no Canadá.

Em relação ao que penso sobre o Brasil, valorizo nossa hospitalidade com as pessoas de outros países. Em geral, temos curiosidade de aprender sobre novas culturas. O que acho que deveria mudar é o "jeitinho brasileiro", pois aceitamos ou achamos normal algumas coisas que os alemães não aceitariam de jeito nenhum. Por exemplo, atrasar em compromissos, furar fila, atravessar com o carro no sinal vermelho. Damos desculpas para quase tudo e não mudamos algumas atitudes. Acho que poderíamos pegar o exemplo de pontualidade dos alemães e muitas coisas iriam melhorar.





0 comentários:

Postar um comentário